
Horas após cancelar modesto aumento salarial de 2,1% para quase 1,8 milhão de servidores federais, previsto para entrar em vigor no próximo ano, o presidente Donald Trump, em entrevista à Bloomberg, anunciou sua intenção de conceder, aos muito ricos, mais um maná suplementar de US$ 100 bilhões em corte de impostos (além daqueles US$ 1,5 trilhão em dez anos no início do ano).
Trump afirmou que estava com a firme ideia de usar seu poder de fazer decretos (ordem executiva) para cortar impostos sobre ganhos de capital, por meio da indexação à inflação, acrescentando que “há muitas pessoas que amaram, e outras que não”. “Mas estou pensando muito fortemente nisso”.
O plano, que muitos consideram ilegal, “recompensaria desproporcionalmente os 0,01% dos americanos mais ricos”, advertiu o Common Dreams.
Quanto aos servidores, Trump asseverou que os “orçamentos das agências federais não podem sustentar tais aumentos”, em carta ao Congresso, na véspera do Dia do Trabalho – que nos EUA, ao contrário do planeta inteiro, é comemorado em setembro. Conforme Trump, o reajuste acresceria US$ 25 bilhões ao orçamento.
A Federação Americana de Funcionários Governamentais (AFGE) repudiou o cancelamento do aumento, denunciando que a decisão de Trump ignora inteiramente o fato de que os servidores federais “estão em pior situação financeira hoje do que no início da década, recebendo 5% a menos”.
A entidade calculou as perdas acumuladas desde 2011, entre salários defasados e benefícios, em mais de US$ 200 bilhões. Foi a AFGE que impetrou a ação, acolhida pela Justiça, que proibiu Trump de demitir à vontade servidores.
“Que maneira insultuosa de marcar o Dia do Trabalho”, afirmou a deputada democrata da Califórnia, Bárbara Lee, ressaltando que Trump “aprovou uma fraude fiscal que deu benesses sem precedentes a bilionários e corporações, mas acha que é muito caro pagar a servidores federais um salário razoável”. Outro parlamentar comparou o cancelamento de reajuste a servidores simultaneamente a mais dádivas a bilionários com corte de impostos como “um tapa na cara” dos trabalhadores.