O governo Trump e o Pentágono anunciaram o envio de 5.200 soldados para a fronteira dos Estados Unidos com o México até o final da semana para deter a caravana que já mobiliza mais de 14 mil imigrantes. Desde as rebeliões urbanas do final da década de 1960, esta será a maior mobilização militar pronta para combate em solo americano.
Os militares chamaram a “missão” de “Operação Fiel Patriota”, como se com isso pudessem adocicar o seu caráter desumano e esconder que seu alvo são crianças, bebês de colo, deficientes físicos e mulheres grávidas, entre outros imigrantes, vindos de Honduras, Guatemala e El Salvador.
A perigosa mobilização militar ameaça diretamente a vida de milhares de trabalhadores que fogem desesperados da fome, da violência e do desemprego que se espraia nos países da América Central, devastados por mais de um século de exploração imperialista dos EUA, ditadura e guerra. Pessoas simples que, diante da completa falta de perspectiva, vão percorrer milhares de quilômetros para reivindicar o direito ao trabalho. A distância entre Tegucigalpa, capital de Honduras, e a cidade mexicana de Novo Laredo – na fronteira com os EUA -, por exemplo, é de 2.760 quilômetros. Sem falar nos riscos que os migrantes correriam caso conseguissem ultrapassar as barreiras e driblar os tiros dos guardas.
Sem qualquer oposição, o governo Trump está preparando um confronto com gente desarmada que poderia rapidamente resultar em tropas americanas atirando, ferindo e matando refugiados em busca de asilo. Criando o clima para enfrentar os “invasores”, na quinta-feira passada, Trump declarou que combater a caravana era uma questão “emergência nacional”.
Mesmo extremamente empobrecida e quase destruída por um terremoto em 7 de setembro de 2017 – pouco mais de 100 das 1.700 casas da cidade ficaram de pé, as demais desabaram ou racharam -, a cidade mexicana de Niltepec acolheu milhares de migrantes da América Central, cansados e famintos, em silêncio, desafiando as ameaças de Trump. Ainda vivendo entre as pilhas de entulho que já foram casas, as pessoas receberam a caravana com sopa caseira, tendas médicas e fraldas para crianças. “Gostaríamos que tivéssemos um espaço digno o suficiente para oferecer aos nossos visitantes”, declarou o prefeito Zelfareli Cruz Medina, de braços abertos.
Ao chegar em Juchitán, no estado mexicano de Oaxaca, Yesenia Estrada, de 23 anos e seu marido disseram que fogem da violência e do desemprego que sofrem em Honduras. Têm três filhas: uma de seis anos, outra de quatro e a de 26 dias, que consideram a menor da caravana.
“Meu nenê nasceu no dia quatro e no dia 23 já estávamos somados à caravana. Tem sido dias extremamente difíceis, mas não temos opção, em nosso país não há trabalho, não há nada, só a violência nos persegue”, disse Yesenia.