12 milhões de estudantes norte-americanos perderão na reforma fiscal de Trump as deduções a que tinham direito como subsídio ao juro no crédito estudantil, o que é sua parte nesse cálice, amargo para a imensa maioria e doce, muito doce, para magnatas e monopólios, aos quais essa ‘reforma’ transfere US$ 3 trilhões em dez anos. A dívida estudantil nos EUA já chegou a US$ 1,4 trilhão, superando até mesmo o endividamento com cartão de crédito e com financiamento de autos.
Conforme o texto recém aprovado na Câmara dos Deputados, e que ainda depende de decisão do Senado, está eliminada a pequena dedução de US$ 625 de subsídio ao pagamento de juros da dívida estudantil, a que tinha direito quem recebia menos de US$ 65.000 anual, ou casal com renda até US$ 130.000. Conforme estudo do Conselho Americano da Educação (ACE, na sigla em inglês), a reforma de Trump vai onerar os estudantes endividados em mais US$ 65 bilhões nos próximos dez anos.
O tempo médio que um estudante leva para pagar a dívida contraída para cursar uma universidade e obter um diploma de curso superior está alcançando os 20 anos. A cada dia, mais 3 mil pessoas ficam inadimplentes desse endividamento. Situação que deverá piorar o atual quadro em que milhões de jovens ao iniciar sua vida profissional e de cidadãos plenamente adultos se deparam com dívidas imensas e um futuro absolutamente incerto.
Assim como os lobistas transmutados de parlamentares não poupam esforços para deixar para os magnatas e monopólios as devidas brechas para a evasão fiscal, quando se trata de achacar a população, tentam não deixar passar nada. Assim, a ‘reforma’ exige que as isenções de mensalidade, que 145.000 estudantes de pós-graduação recebem em troca de trabalhar na universidade, frequentemente como assistentes de professores, passem a ser gravados como renda. Nas universidades com mensalidades mais caras, este encargo poderia equivaler ao triplo da remuneração que os pós-graduandos efetivamente recebem por seu trabalho.
Conforme a ACE, grande parte dos pós-graduandos sofreria um aumento de até 400% no imposto que paga. Mas não só os pós-graduandos: os empregados dessas instituições que recebam descontos ou uma bolsa se seus filhos estudam na universidade em que trabalham, também serão igualmente tosquiados, como se a bolsa fizesse parte de seu contracheque. Em conseqüência, não é difícil prever que muitos terão que deixar a universidade, e que cursos como medicina se tornarão ainda mais inacessíveis.