
Exibiu como mérito sua xenofobia, chamando Europa a seguir sua perseguição a imigrantes, caso contrário “seus países vão para o inferno”, defendendo ainda as criminosas sanções unilaterais contra Cuba, Rússia e China
Em discurso na cerimônia de abertura da 17ª Assembleia Geral da ONU, o presidente dos EUA, Donald Trump, hostilizou o planeta inteiro com sua pretensão de estar acima dos demais países e das leis internacionais, defendeu sua guerra tarifária e as Big Techs, criticou a ONU, chamou os países europeus a se integrarem plenamente às sanções secundárias contra o petróleo russo (em apoio aos neonazis ucranianos), deu suporte implícito ao genocídio de Israel em Gaza e pressionou contra o Estado Palestino. E, quanto à xenofobia, fez uma apologia jamais vista na ONU.
De forma delirante, Trump defendeu ainda ter retirado os EUA do Acordo do Clima de Paris e chamou de “vigarice” as propostas para preparar o mundo frente à crise ambiental – que classificou como “a maior farsa já perpetrada contra o mundo”.
“Muita gente diz que eu deveria ganhar o Nobel da Paz”, asseverou o magnata imobiliário e cúmplice de Israel em Gaza, que se gabou, ainda, de que os EUA, sob seu governo, “vive uma era dourada”. Supostamente, seriam “sete” as guerras que teria encerrado “sozinho”.
Responsável por armar Israel e por vetar no Conselho de Segurança da ONU cada proposta de cessar-fogo em Gaza que é consenso dos demais membros, Trump atribuiu à ONU “criar problemas em vez de resolvê-los”.
Vangloriou-se de ter retirado os EUA também da Organização Mundial da Saúde, sabotado a Organização Mundial do Comércio e cortado a contribuição de Washington para o custeio da ONU.
Fez uma exaltação da xenofobia para fascista nenhum botar defeito, repetindo frases de efeito de campanha de que os EUA estariam sendo invadidos por hordas de “foragidos das penitenciárias e hospícios”, e conclamando os europeus a repetirem a caçada aos imigrantes que desencadeou internamente.
Repetiu que os EUA – o ferrabrás do “mundo unipolar” instaurado após a queda da União Soviética, que manda no FMI e no Banco Mundial e que travou uma dúzia de guerras de escolha – teriam sido “explorados” pelos demais países, mas que, com ele, isso acabou.
Voltou à tese das sanções secundárias – isto é, contra a China e a Índia – para que suspendam as compras de petróleo russo, que estariam bancando “a guerra na Ucrânia”, para o que seriam indispensáveis os próprios europeus. Estes, aliás, escorchados absurdamente pelos fornecedores de fracking norte-americano, após abrirem mão do gás russo barato em prol do caro GNL importado dos EUA.
Mentiu mais uma vez ao atribuir à China a criação do coronavírus Covid-19.
Falou do enorme “avanço” com os países da Otan escalando os gastos militares de 2% para 5% do PIB, como ele ordenou – enquanto que líderes europeus, um após o outro, começam a admitir que isso só se viabilizará se cortado no osso o Estado de Bem Estar Social. 5% que Trump não esconde que é para ser gasto com armas americanas.
Trump também acusou o prefeito muçulmano de Londres, o trabalhista Sadiq Khan, de pretender instaurar a Lei Sharia (legislação baseada no Alcorão). Reiterou que vai continuar bombardeando barcos nas costas da Venezuela, sob o pretexto de que o presidente venezuelano Nicolás Maduro é chefe de cartel de drogas. Elogiou o ditador salvadorenho Bukele e seu megapresídio, para onde envia imigrantes sequestrados e deportados.
Em seu discurso, Trump chegou ao ponto inventar que o carvão não polui, que os EUA teriam “pago sozinhos” pela crise ambiental e que as energias renováveis é que estariam levando a Europa à crise.
Modestamente, Trump asseverou também de que está “certo sobre tudo”. “Sou muito bom em prever as coisas”, disse ele ao plenário. “Durante a campanha, eles tinham um chapéu – um chapéu best-seller: ‘Trump estava certo sobre tudo’. E eu não digo isso de uma forma fanfarrona, mas é verdade. Eu estive certo sobre tudo.”