Trump exalta submissão de Milei e condiciona: “se perder, não seremos generosos com a Argentina”

Donald Trump e Javier Milei entre afagos e carinhos na Casa Branca (AFP)

Estadunidense diz que dará todo apoio à reeleição de Milei, pois  “se a Argentina for bem, outros países seguirão o seu exemplo”. Cristina Kirchner ridiculariza a extorsão: “os argentinos já sabem o que fazer”

Trump, em mais uma tentativa de interferir no processo eleitoral alheio, chantageou os argentinos para que votem perfilados à política de submissão de Javier Milei nas eleições legislativas de 26 de outubro. Conforme o magnata, o resultado teria um desdobramento significativo para o conjunto da região.

Numa troca de sorrisos e afagos na Casa Branca, Trump assinalou a relevância de que a Casa Rosada siga sendo conduzida por um adestrado às suas transnacionais e ao Fundo Monetário Internacional (FMI). “Estamos aqui para dar a você o apoio que precisa para as próximas eleições. Se a Argentina for bem, outros países seguirão (seu exemplo). Mas se não ganhar, não contará conosco. Se perder, não seremos generosos com a Argentina”, afirmou o presidente estadunidense.

Na disputa do próximo 26 serão renovados um terço da Câmara e metade do Senado, numa situação dificílima para Milei conseguir o chamado “escudo legislativo”, por conta da alta generalizada do custo de vida e das inúmeras denúncias de corrupção que envolvem da irmã a amigos próximos. Como se não bastasse o atentado ao preço dos alimentos e da moradia, o governo de ultradireita ainda quer avançar com as chamadas “reformas”, entre elas a trabalhista e a tributária, aprofundando o corte nos direitos sociais.

CRISTINA KIRCHNER CONCLAMA ARGENTINOS A DAREM A RESPOSTA NAS URNAS

 “Argentinos… já sabem o que precisam fazer”, respondeu a ex-presidente Cristina Kirchner, anexando uma foto de Milei com Trump, mandando um recado curto e grosso. 

Na mesma linha, o ex-ministro das Relações Exteriores e primeiro candidato a deputado nacional pela província de Buenos Aires, Jorge Taina, disparou: “presidente Trump, pare de extorquir o povo argentino! Qualquer extorsão deve ser respondida com coragem e denunciando os responsáveis ​​pela ameaça. Seja a decisão de deter Milei ou de aceitar que o presidente dos EUA nos diga em quem votar, nós, argentinos, sabemos o que temos que fazer em 26 de outubro. Nunca esteve tão claro!”.

“Nosso campo, nossas indústrias, nossas pequenas e médias empreas, nossos talentos, nossos trabalhadores, nossos pesquisadores, nossas famílias, nossas universidades: é a única coisa que nos tornará grandes”, enfatizou Sergio Massa, líder do partido Frente Renovadora.

“Enquanto o presidente dos Estados Unidos condiciona diretamente sua ‘ajuda’ à Argentina com base em quem votamos, Milei despreza seu povo”, acrescentou o deputado Máximo Kirchner.

TRUMP ALUCINA E DIZ QUE “NÚMEROS DE MILEI ESTÃO BASTANTE BONS E VÃO MELHORAR”

“Os números de Milei nas pesquisas estão bastante bons, mas acho que vão melhorar depois disso”, alucinou Trump, depois de anunciar um pacote de ajuda de US$ 20 bilhões, condicionada a uma hipotética recomposição do desgoverno argentino. A declaração do líder estadunidense contraria todas as pesquisas em circulação no país sul americano que antecipam um resultado bastante adverso. Na província (Estado) de Buenos Aires, onde vive um terço do eleitorado nacional, a ameaça de qualquer perspectiva de “bancada” tornou-se evidente. É o que demonstra a recente batida em retirada do “empresário” José Luis Espert da disputa, em função do envolvimento com o narcotráfico.

Questionado por ajudar o governo Milei com esse pacote às vésperas de uma eleição, Trump disse que “se a Argentina for bem, outros vão seguir o exemplo, e muitos outros já estão seguindo”.

Enquanto isso, Milei voltou a agradecer a força extraordinária recebida do mentor do norte, frisando que a suposta “ajuda” é necessária por conta da crise cambial que considera uma consequência de um “ataque político” de seus opositores.

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