“Operações letais” foram avalizadas pelo presidente dos EUA, informou o The New York Times
Donald Trump afirmou nesta quinta-feira (16) ter autorizado a Agência Central de Inteligência (CIA) a realizar “operações letais” para cercar a Venezuela, ameaçando assim a vida do presidente Nicolás Maduro e integrantes do seu governo, a exemplo do que já realizou em seu histórico de golps mundo afora.
As “medidas” foram divulgadas pelo The New York Times. O pretexto, segundo o presidente dos EUA, é de que o país latino-mericano estaria enviando drogas e criminosos para o seu país, maior consumidor mundial de entorpecentes.
O aparato deslocado para o sul do Caribe é completamente incompatível com qualquer ação “preventiva”, pois já se encontram na região pelo menos sete navios dos Estados Unidos, incluindo um esquadrão anfíbio, 4.500 militares, um submarino nuclear, e aviões espiões P-8 – que sobrevoam águas próximas à costa venezuelana.
“A República Bolivariana da Venezuela rejeita as declarações belicosas e extravagantes do presidente dos EUA, nas quais ele admite publicamente ter autorizado operações para atuar contra a paz e a estabilidade da Venezuela”, respondeu o ministro das Relações Exteriores, Yván Gil. O documento alerta que “esta declaração sem precedentes constitui uma grave violação do direito internacional e da Carta das Nações Unidas, e obriga a comunidade das nações a denunciar estas declarações claramente imoderadas e inconcebíveis”.
Questionado por jornalistas se agentes de inteligência teriam autoridade para eliminar o presidente venezuelano, Trump preferiu tergiversar: “Essa seria uma pergunta ridícula para eu responder. Mas acho que a Venezuela está sentindo a pressão, e outros países também”. São manifestações intervencionistas, a exemplo da forma como se dirigiu a Milei condicionando o empréstimo à vitória da extrema direita nas próximas eleições. Há pouco já teve o desplante de oferecer uma “recompensa de US$ 50 milhões” por informações que levem à prisão do líder venezuelano.
Em sintonia com o chefe, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, declarou que o governo vai usar “toda a força” contra Maduro.
EUA ISOLADO NO CONSELHO DE SEGURANÇA DA ONU: 14 VOTOS A UM
O presidente Nicolás Maduro comemorou o isolamento da iniciativa belicista dos EUA e o apoio à paz, uma vez que a Venezuela recebeu o apoio de 14 dos 15 membros do Conselho de Segurança da ONU. As representações apoiaram o direito internacional e rejeitaram as ameaças militares no Caribe. Somente os EUA, assinalou Maduro, mantiveram “um discurso agressivo, violento e ameaçador”, o que é “uma vitória para a diplomacia de paz da Venezuela”.
A sessão do Conselho de Segurança foi convocada a pedido da Assembleia Nacional Venezuelana para abordar a presença militar dos EUA na região.
Conforme Maduro, os EUA está orquestrando “uma guerra multifacetada”, onde seu país está sendo submetido a “agressão armada para impor uma mudança de regime” rumo a um governo “fantoche”, que busca “roubar seu petróleo, gás, ouro e todos os seus recursos naturais”.
Em relação aos golpes orquestrados pela CIA, Maduro foi enfático: “a América Latina não os quer, não precisa deles e os repudia”. E mais, sentenciou, “diante da escalada diária de guerra psicológica, ameaças, notícias, declarações, vídeos e eventos, há uma grande vacina: a grande vacina é a unidade nacional de todos os venezuelanos”.
Maduro fez um chamado a todos para rechaçarem “os golpes da CIA , que tanto nos lembram as 30.000 pessoas desaparecidas nos golpes contra a Argentina, o golpe de Pinochet e os 5.000 jovens assassinados e desaparecidos”.
RECRUDESCIMENTO DO CONFRONTO
Investindo no recrudescimento do confronto, Trump reiterou que manterá as operações militares no sul do Caribe, bombardeando a esmo embarcações e assassinando dezenas de pescadores que são tratados erroneamente de “narcoterroristas”. “Cada barco que destruímos, salvamos 25 mil vidas de americanos. Não quero dizer exatamente, mas certamente estamos olhando para a terra agora, porque temos o mar muito bem controlado”, devaneia o norte-americano.
Ao contrário da propaganda estadunidense, organizações de direitos humanos e entidades internacionais como a Human Rights Watch condenou a linha trumpista, alertando que os bombardeios batem de frente e violam a lei internacional, e nada mais são do que “execuções extrajudiciais ilegais”.