“A intenção anunciada de impor tarifas aos principais exportadores de chapas de alumínio, – 18 países, entre eles o Brasil – é algo nunca visto nas relações de comércio internacional”, diz Milton Rego, presidente da Abal
A recente decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de sobretaxar as exportações brasileiras de chapas de alumínio, penalizando ainda outros 17 países exportadores, teve forte reação interna do setor de produção, comercialização e de fornecedores que compõem a cadeia do alumínio no país, congregados na Associação Brasileira do Alumínio (ABAL).
Em nota à imprensa, a associação esclarece:
“Assistimos com preocupação a escalada de restrições impostas pelos Estados Unidos aos seus parceiros comerciais. É um processo que começou com sanções à China e que vem recrudescendo desde então. A intenção anunciada de impor tarifas aos principais exportadores de chapas de alumínio – 18 países, entre eles o Brasil –, é algo nunca visto nas relações de comércio internacional”.
“ABAL e suas associadas estão se defendendo nos fóruns adequados. A atitude de estipular taxas antes mesmo de concluída a investigação sobre uma suposta prática de dumping, prejudica enormemente o Brasil, uma vez que os EUA são o principal mercado comprador das nossas chapas de alumínio”.
Para Milton Rego, presidente da Abal, a decisão do governo americano de aumentar as alíquotas de chapas de alumínio importadas de 18 países, de forma súbita, sem provas representa uma represália sem precedentes que pode inviabilizar as exportações dos produtos brasileiros. No ano passado, os embarques somaram 31,52 mil toneladas.
“Os EUA atiram primeiro e perguntam depois. É isso o que eles estão fazendo do ponto de vista do comércio internacional. Com a justificativa de defesa da indústria nacional, tomam ações protecionistas que começou com a 232. O que fizeram agora é pior do que a 232. Inviabiliza as exportações brasileiras para aquele mercado”, disse Rego, se referindo a Seção 232, dispositivo criado a pretexto de defender os interesses nacionais americanos, mas que na verdade é usado para subjugar e retaliar outros países.
“Os EUA atiram primeiro e perguntam depois. É isso o que eles estão fazendo do ponto de vista do comércio internacional. Com a justificativa de defesa da indústria nacional, tomam ações protecionistas que começou com a 232. O que fizeram agora é pior do que a 232. Inviabiliza as exportações brasileiras para aquele mercado”
“Até meados do próximo ano, essas serão as alíquotas que os exportadores terão que pagar no mercado americano. E o governo brasileiro e as empresas já enviaram todos os documentos necessários para provar que não há práticas de dumping”, ressaltou o empresário.
Na sexta-feira (9), o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Wilbur Ross, declarou que os EUA vão aumentar a tarifa de importação do alumínio exportado pelo Brasil e de mais 17 países.
O secretário de Trump afirmou que esses 18 países praticaram dumping, que é a venda de produtos com preços menores do que o de custo para que sejam eliminados os concorrentes. O que é mais provável é que se trata de agradar o setor de alumínio americano nas vésperas das eleições.
As alíquotas das chapas importadas do Brasil terão um adicional variando de 49,48% e 136,78%. Atualmente os exportadores brasileiros pagam uma taxa de cerca de 15% no mercado americano, por conta da Seção 232. No final de 2019, o governo americano já havia aumentado essas tarifas alegando que seria uma resposta à desvalorização do dólar.
“Este é o maior e mais abrangente caso que nosso departamento trouxe em mais de 20 anos”, reconheceu o secretário estadunidense, referindo-se a dimensão da ação imposta pela decisão.