“Setores muito relevantes, como máquinas e equipamentos, móveis e calçados, que tinham os EUA como principais clientes externos, ainda não entraram na lista de exceções. Esse é nosso foco agora”, declarou o presidente da CNI, Ricardo Alban
Donald Trump, presidente do EUA, manteve o tarifaço de 40% sobre bens industriais brasileiros, entre outros produtos, como calçados, móveis, mel, pescados, bens destinados à aviação, alguns óleos e café Solúvel.
Ontem, a Casa Branca anunciou a retirada da sobretaxa de 40% para 238 produtos da agropecuária do Brasil, como carne bovina, café, fertilizantes, frutas, entre outros.
“Setores muito relevantes, como máquinas e equipamentos, móveis e calçados, que tinham os EUA como principais clientes externos, ainda não entraram na lista de exceções. O aumento das isenções é um sinal muito positivo de que temos espaço para remover as barreiras para outros produtos industriais. Esse é nosso foco agora”, defendeu o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban
De acordo com a CNI, “a ampliação de itens isentos da tarifa de 40% imposta pelos Estados Unidos ao Brasil faz com que 37,1% das vendas brasileiras ao mercado norte-americano (US$ 15,7 bilhões) fiquem livres de taxas adicionais. Com a medida, pela primeira vez desde agosto, o volume exportado isento das sobretaxas supera aquele submetido à tarifa cheia de 50%, que atinge 32,7% das exportações”. Os cálculos consideram dados de 2024, com base em estatísticas da Comissão de Comércio Internacional dos Estados Unidos.
Ainda assim, com a decisão de remover a tarifa para a compra de 238 produtos brasileiros, como carne bovina, café e cacau, insumos comuns da cesta de consumo da população americana, divulgada na quinta-feira (20), “62,9% das vendas brasileiras aos EUA permanecem sujeitas a algum tipo de tarifa adicional, considerando tanto as medidas horizontais quanto as setoriais, como as aplicadas para aço e alumínio”, ressalta a CNI
O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos, José Velloso, lamentou que “o setor de Máquinas e Equipamentos não foi citado na ordem executiva”. “No entanto a gente olha com otimismo porque é um passo na direção de uma melhora das relações entre Estados Unidos e Brasil”, ponderou. “A gente está otimista por causa desse avanço. Nós estamos na expectativa de haver a trégua durante as negociações”.
A Câmara de Comércio Brasil EUA (Amcham Brasil), em nota, afirmou que “a medida representa um avanço importante rumo à normalização do comércio bilateral”. “Ao mesmo tempo” que “reforça a necessidade de intensificar esse diálogo entre Brasil e Estados Unidos, com o objetivo de estender a eliminação dessas sobretaxas aos demais produtos ainda impactados – com destaque para bens industriais – e de aprofundar a cooperação bilateral em temas de interesse mútuo”.
Estão livres da tarifa de 40%: todas as categorias de carne bovina; categorias de café verde, torrado e derivados; frutas frescas, congeladas e processadas; Cacau e seu derivados; Especiarias, como pimenta, gengibre, canela, cúrcuma etc.; Raízes e tubérculos, como no caso da mandioca – em todas as suas formas; Sucos e polpas de frutas; e fertilizantes (ureia, nitratos, potássicos, fosfatados).
O tarifaço, que atingiu cerca de 700 produtos brasileiros na virada de julho para agosto, foi imposto por Trump alegando que o Brasil era superavitário no comércio com os EUA, quando o comércio é deficitário, além de se meter em assuntos interno ao Brasil, citando o julgamento de Jair Bolsonaro e criticando o Supremo Tribunal Federal, com aplicação da Lei Magnitsky e revogação de vistos aos Estados Unidos.
Um verdadeiro atentado à soberania do Brasil, que teve a pronta resposta do governo Lula com apoio de amplos setores.
Além das medidas de apoio às empresas atingidas pelo tarifaço, o governo federal, junto com empresários tendo à frente o vice-presidente Geraldo Alckmin, ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, buscou a abertura de novos mercados para seus produtos e a manutenção dos empregos.
O governo Lula continua a negociar a derrubada da decisão de Trump sobre as tarifas adicionais e visa a derrubada das sanções aplicadas a autoridades brasileiras, com o cancelamento de vistos de ministros e a inclusão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes na Lei Magnitsky.











