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“Se tiver alguma atitude com o Brasil, haverá reciprocidade. Não tem dúvida”, alertou o chefe do Executivo brasileiro
O presidente Lula criticou, nesta sexta-feira (14), o comportamento de Donald Trump em relação aos outros países.
“Eles que foram autores do Consenso de Washington, que defendia o mercado livre, agora está defendendo o protecionismo, é ‘os Estados Unidos para os americanos’, ‘tudo para os americanos’, é taxar todo mundo, anexar a Groenlândia, anexar o Canadá, tomar o Golfo do México, o Canal do Panamá, expulsar 40 milhões de pessoas”, disse Lula, em entrevista à rádio Clube, do Pará.
Sobre as relações entre os dois presidentes, Lula disse que não há. “Eu ainda não conversei com ele e ele ainda não conversou comigo. O relacionamento é entre Estado brasileiro e Estado americano. Temos 200 anos de relações diplomáticas. O Brasil considera os Estados Unidos um país extremamente importante para o Brasil e espero que os EUA reconheçam o Brasil como um Estado muito importante. Se o Trump cuidar dos EUA e eu cuidar do Brasil, se ele melhorar a vida do povo americano e eu melhorar a vida do povo do Brasil, tudo estará maravilhosamente bem”, observou o presidente.
Lula falou das ameaças à democracia representadas pelas ideias defendidas por Trump e pelos grupos que estão ao seu redor. “O que estou preocupado é que os Estados Unidos depois da Segunda Guerra Mundial viraram uma espécie de patrono da democracia do mundo, uma espécie de xerife do planeta terra. Eles se colocaram nessa posição: defensores da democracia. Agora os discursos não são mais esses. Me parece que a democracia não está valendo tanto. E eu me preocupo com isso, me preocupo porque o que está em risco no mundo é a democracia, que é o melhor sistema de governo e eles agora estão negando tudo isso”, alertou o líder brasileiro.
Sobre as tarifas de 25% aplicadas por Trump sobre as importações de aço e alumínio, Lula afirmou que o governo brasileiro reagirá comercialmente e ameaçou denunciar os Estados Unidos na Organização Mundial do Comércio (OMC). O presidente classificou a relação comercial entre os dois países como “igualitária”, o que, na opinião dele, precisa ser mantido. “Eles importam de nós US$ 40 bilhões, nós importamos deles US$ 45 bilhões. É o único país do mundo que tem superávit com relação ao Brasil. Então queremos paz. Não queremos guerra. Não queremos atrito com ninguém”, defendeu.
“Agora, enquanto os Estados Unidos tiverem essa relação com o Brasil, civilizada, harmônica, está tudo bem. Agora ouvi dizer que vão taxar o aço brasileiro. Se taxar o aço brasileiro, vamos reagir comercialmente ou vamos taxar os produtos que a gente importa deles”, acrescentou Lula. “Se o Trump tiver esse comportamento com o Brasil, eu terei esse comportamento com os Estados Unidos. Se tiver alguma atitude com o Brasil, haverá reciprocidade. Não tem dúvida”, alertou o chefe do Executivo brasileiro.
Durante a entrevista, Lula disse que não irá comentar declarações de Trump, mas disse que o americano “não pode fazer o que quer”. “Eu não fico comentando as declarações do Trump. Ele fala o que ele quiser, ele é presidente dos Estados Unidos. Agora, ele não pode fazer o que ele quiser, porque se fizer coisas que impliquem em resultados em outros países, sempre haverá uma reação”, concluiu o presidente.
Ele voltou a defender a exploração de petróleo na Margem Equatorial e disse que isso é importante para o desenvolvimento econômico do Brasil e também para a própria transição energética. Lula destacou a necessidade de equilibrar as preocupações ambientais com os interesses econômicos do país. “A gente tem que fazer uma mediação entre os contra e entre os a favor e começar a pensar nas necessidades do Brasil. Isso é bom ou ruim para o Brasil? Bom ou ruim para a economia do Brasil?”, questionou o presidente. Ele ressaltou seu desejo de que, no futuro, a humanidade não dependa mais de combustíveis fósseis, mas reconheceu que, atualmente, o país não pode abrir mão dessa riqueza.