Trump recrudesce provocação com envio do maior porta-aviões dos EUA à costa da Venezuela

Porta-aviões Gerald Ford ao deixar porto dos EUA para se dirigir à América do Sul (Nathan T. Beard/US Navy)

Trump ordenou o envio do grupo de ataque encabeçado pelo porta-aviões Gerald R. Ford – o maior do planeta – para a América do Sul e o Caribe, área de “responsabilidade” do Comando Sul, informou nesta sexta-feira (24) o porta-voz do Pentágono, Sean Parnell. 

Os Estados Unidos encaminharam um grande contingente militar para a área em agosto sob o pretexto, sem nenhuma sustentação ou provas, de combater cartéis de drogas. Desde então, Washington tem realizado operações militares e bombardeios, a maioria no Caribe, próximo à América do Sul, mas em 21 e 22 de outubro, também conduziram ataques a barcos latino-americanos no Oceano Pacífico. Com 6 mortes anunciadas na 6ª feira, o número total de pessoas assassinadas nos ataques norte-americanos chega a pelo menos 43.

Em declaração postada nas redes sociais, Parnell afirmou que a presença aumentada das forças americanas na região “reforçará a capacidade dos Estados Unidos de detectar, monitorar e desmantelar atores e atividades ilícitas que comprometem a segurança e a prosperidade do território dos EUA e nossa segurança no hemisfério ocidental”. Não apresentou, claro, fatos concretos que sustentassem as medidas tomadas.

REATOR NUCLEAR, CONTRATORPEDEIROS, MISSEIS, NAVIOS DE APOIO

O porta-aviões Ford, – um dos 11 que fazem parte da frota norte-americana – inclui um reator nuclear, tem capacidade para mais de 75 aeronaves militares, incluindo caças como o F-18 Super Hornet e o E-2 Hawkeye, que podem atuar como um sistema de alerta precoce e será acompanhado de três contratorpedeiros. 

Somando-se a oito navios de guerra, um submarino nuclear e caças F-35 já na região, o Ford também inclui radares que podem auxiliar no controle de tráfego aéreo e na navegação. Navios de apoio, como o cruzador de mísseis guiados classe Ticonderoga Normandy e os contratorpedeiros de mísseis guiados classe Arleigh Burke Thomas

Hudner, Ramage, Carney e Roosevelt, possuem capacidades de guerra superfície-ar, superfície-superfície e antissubmarino. Além de um arsenal de mísseis, como o míssil Evolved Sea Sparrow, um míssil superfície-ar de médio alcance usado para combater drones e aeronaves.

PRETEXTO PARA A ALGARAVIA É “ELIMINAR” O NARCOTRÁFICO

Na véspera, cercado por altas autoridades norte‑americanas, Trump buscou ‘justificar’ a descabida movimentação militar argumentando que seria umaguerra frontal contra os cartéis do narcotráfico e prometeu operações terrestres contra eles também em solo latino‑americano.

“Os cartéis estão travando uma guerra contra os EUA e, como prometi na campanha, estamos travando uma guerra como nunca antes. (…) Os governos anteriores tentaram mitigar essa ameaça, e nosso objetivo é eliminá‑la. Não a estamos mitigando. Estamos eliminando. Estamos os expulsando”, deblaterou Trump, apontando contra os presidentes venezuelano e colombiano, Nicolás Maduro e Gustavo Petro, acusados ​​infundadamente por ele de liderar organizações de narcotráfico.

ALVO É O PETRÓLEO

Nicolás Maduro vem reiteradamente denunciando que o país é alvo de “uma guerra de múltiplas facetas” orquestrada pelos Estados Unidos, apontando que a presença militar americana perto da costa do país tem como objetivo provocar uma mudança de regime. Ele já tentou negociar com o governo Trump, porém sem sucesso. 

A Venezuela tem a maior reserva de petróleo do mundo, estimada em cerca de 300 bilhões de barris que a “Nobel da Paz” Corina Machado já prometeu privatizar em favor da Exxon e Chevron, desde que os Estados Unidos a ajudem a derrubar o presidente venezuelano.

Esta semana, Trump voltou suas baterias também contra o presidente colombiano, Gustavo Petro, que tem enfatizado que o “alvo é o petróleo, não quaisquer supostas drogas”.

 “Os narcotraficantes vivem em Miami, Nova Iorque, Paris, Madrid, Dubai. Muitos têm olhos azuis e cabelos louros. E não vivem nos locais onde caem os mísseis. Aí vivem camponeses muito pobres. É lá que eles querem jogar os mísseis. E só matam pobres. E só matam migrantes latino-americanos. Os narcotraficantes vivem ao lado da casa de Trump em Miami”, frisou Petro.

Os bombardeios de embarcações foram criticados por governos de países como Colômbia, México, Brasil e Venezuela, bem como por especialistas das Nações Unidas, que apontaram que se trata de “execuções sumárias” contrárias ao direito internacional.

O diplomata brasileiro Celso Amorim vem alertando que a movimentação militar exacerbada dos EUA na região ao sul do continente americano pode “incendiar a América Latina”.

O representante permanente da Rússia nas Nações Unidas, Vassily Nebenzia, declarou em uma reunião do Conselho de Segurança que as ações dos EUA no Caribe não são exercícios militares comuns, mas sim uma “campanha flagrante de pressão política, militar e psicológica contra o governo de um estado independente”.

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