Menos de 48 horas após ameaçar o Canadá e o México com tarifas de 25% – e antes de entrarem em vigor na terça-feira -, o presidente Donald Trump recuou e pausou o anunciado tarifaço por 30 dias, após promessa do primeiro-ministro Justin Trudeau e da presidente Claudia Sheinbaum por telefone de colocarem 10.000 policiais na fronteira para impedir “o fentanyl e os imigrantes”, estranha alegação com a qual o atual inquilino da Casa Branca buscou justificar a imposição.
Durante esse período, serão realizadas negociações entre Washington e os dois outros integrantes do T-MEC (antigo Nafta).
A China, contra a qual Trump anunciou 10% de tarifas, anunciou que irá recorrer à Organização Mundial do Comércio e adotar as contramedidas cabíveis. De acordo com a CNN, Trump disse que iria falar com Pequim “provavelmente nas próximas 24 horas”.
México, Canadá e China são os três maiores parceiros comerciais dos EUA, e correspondem a 42% do déficit comercial norte-americano.
Nesse ínterim, no Canadá o hino dos EUA foi ruidosamente vaiado em três jogos de hockey e um de basquete e uma província canadense rompeu um contrato com o Starlink, de Elon Musk.
Após o recuo de Trump, também está suspenso por Ottawa o aumento tarifário de 25% sobre US$ 30 bilhões de importações dos EUA, que em 21 dias seria completado até alcançar US$ 155 bilhões em importações dos EUA. O Canadá também estava analisando a suspensão da exportação de energia elétrica e petróleo para os EUA, como parte da resposta a Trump.
A presidente Sheinbaum havia alertado que a escalada tarifária seria “um tiro no pé” para o lado norte-americano, ao causar mais inflação, e reiterado que o México tinha o “plano A”, “plano B”, “plano C”.
Outras prováveis vítimas de mais tarifaços desde Washington, como a União Europeia e o Japão, se manifestaram contra a guerra comercial desencadeada por Trump.
A UE “lamenta a decisão dos EUA de impor tarifas ao Canadá, México e China”, disse um porta-voz da Comissão Europeia no domingo, citado pela mídia local, depois de Trump fazer ameaças e dizer que a Europa trata “muito mal” as corporações norte-americanas.
Porta-voz da EU garantiu que os europeus iriam “responder com firmeza a qualquer parceiro comercial que imponha tarifas injustas ou arbitrárias sobre produtos da EU”, após salientar que “tarifas baixas promovem o crescimento e a estabilidade econômica dentro de um sistema comercial forte e baseado em regras”.
“É óbvio que devemos reagir”, asseverou o ministro da Indústria da França, Marc Ferracci, à France Info no domingo, sugerindo que a “a resposta se concentrasse em produtos que são importantes” para os EUA.
No domingo, também o ministro das Finanças do Japão, Katsunobu Kato, disse a um programa na Fuji TV que o Japão está “profundamente preocupado” com as possíveis repercussões no comércio global.