Presidente cubano repudiou “ato de arrogância e desprezo pela verdade”. O seu objetivo é seguir fortalecendo a “cruel guerra econômica para fins de dominação”, enfatizou
“O presidente Trump, num ato de arrogância e desprezo pela verdade, acaba de restabelecer a designação fraudulenta de Cuba como Estado patrocinador do terrorismo”, denunciou o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel Bermúdez.
“Não surpreende. O seu objetivo é seguir fortalecendo a cruel guerra econômica contra Cuba para fins de dominação”, ressaltou Díaz-Canel, referindo-se à decisão de Trump de, já no primeiro dia à frente do governo, revogar 78 ações, ordens executivas e memorandos presidenciais aprovados por Joe Biden.
O presidente da Ilha caribenha lembrou que “o resultado das medidas extremas de bloqueio econômico impostas por Trump foi provocar escassez na nossa população e um aumento significativo no fluxo migratório de Cuba para os Estados Unidos”. “Este ato de zombaria e abuso confirma o descrédito das listas e dos mecanismos coercitivos unilaterais do governo dos Estados Unidos. A causa legítima e nobre do nosso povo prevalecerá e mais uma vez vencerá”, enfatizou.
De forma cínica, a Casa Branca publicou uma ordem executiva que rescindiu o Memorando Presidencial de 14 de janeiro, que afirmava que o Governo de Cuba não prestou qualquer apoio ao terrorismo internacional durante os seis meses anteriores e ofereceu garantias de que não apoiaria atos de terrorismo internacional no futuro.
Como denunciou o HP, a medida de Biden não passou de gesto demagógico, uma vez que retirou da lista de países promotores do terrorismo, depois de manter o país nesta lista restritiva durante seus quatro anos de mandato e, como previmos, a medida poderia simplesmente ser revogada pelo sucessor Trump, que efetivamente o fez no seu primeiro dia de mandato.
Díaz-Canel também tinha deixado claro recentemente que permaneciam “a guerra econômica e as ações de interferência, desinformação e descrédito financiadas com fundos federais estadunidenses”, numa prática de décadas, “voltada a asfixiar a economia cubana e provocar escassez”.
Reconhecido como o principal Estado terrorista da história devido ao banho de sangue promovido com suas intervenções armadas ao longo dos séculos 19, 20 e 21, os Estados Unidos volta a arrogar-se o direito de manter Cuba na sua “lista de patrocinadores do terrorismo”. O mesmo Trump que, entre outros crimes, defende a sustentação política, financeira e militar ao genocídio do povo palestino em Gaza e na Cisjordânia.
É como se houvesse qualquer resquício de autoridade no único país que lançou covardemente bombas atômicas (contra as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, em 1945); que invadiu, prendeu e torturou na Guatemala (1954), Vietnã (1965-1973) Panamá (1989), Iraque (1990 e 2003), Iugoslávia (1995), Afeganistão (2001), Líbia (2011) e Síria (2014), matou centenas de milhares de pessoas e demoliu sua infraestrutura, para julgar a soberania de quem quer que seja. Ainda mais quando se trata da Ilha caribenha convertida em referência, marcadas por suas exemplares brigadas médicas – como na Bolívia e no Brasil – e de combate ao analfabetismo – como o que está sendo erradicado recentemente em Honduras junto com o governo de Xiomara Castro, entre outros inúmeros exemplos de solidariedade.
A arrogância de Trump, fica mais do que evidente, quando sabemos que não há país no mundo sobre o qual melhor caia a pecha de “país patrocinador de terrorismo”: de golpes de Estado, cumplicidade no genocídio em Gaza e terror a varejo do jihadismo pró-EUA.
Imputação ainda mais absurda por duas razões. Tanto pelo notório papel dos EUA e da CIA de incubadora da Al Qaeda, Estado Islâmico, Al Nusra e outros cortadores de garganta, e de principal financiador e fornecedor de armas, quanto por ter usado, para incluir a ilha na lista de promotores do terror, sob o absurdo pretexto de que isso se justificaria, quando Havana fez exatamente o contrário: sediou as negociações que permitiram em 2016 o fim do conflito entre as FARCs e o governo colombiano, que já durava mais de 50 anos.
Como sublinhou um manifesto de artistas e intelectuais brasileiros divulgado em junho do ano passado, “a permanência de Cuba na lista é uma infâmia que dura há tempos, assim como o bloqueio que há mais de 60 anos tenta subjugar a heróica ilha caribenha”.