De acordo com o portal norte-americano Axios, o presidente dos EUA, Donald Trump, sugeriu o uso de armas nucleares contra furacões para impedi-los de atingir os Estados Unidos. “Eu entendi. Eu entendi. Por que nós não os matamos?”, disse Trump em uma reunião na Casa Branca com autoridades do Homeland (Segurança Interna) e da segurança nacional sobre a temporada anual de furacões, informou o Axios no domingo, citando uma fonte anônima.
“Eles começam a se formar ao largo da costa da África, enquanto eles estão se movendo através do Atlântico, nós soltamos uma bomba dentro do olho do furacão e isso o desfaz. Por que não podemos fazer isso?”, indagou o presidente biliardário, conforme o relato dessa fonte, que estava na sala.
Quem se recobrou do espanto mais cedo retrucou a Trump que “Senhor, vamos investigar isso”, depois de “quase cair para trás”, acrescentou a fonte.
“Você podia ouvir um peido de mosquito naquela reunião”, descreveu a fonte, explicando que as pessoas “foram tomadas pela surpresa”. “Depois que a reunião terminou, pensamos: ‘que f —? O que vamos fazer com isso?'”.
Ainda conforme o Axios, Trump levou a questão pela segunda vez a um alto funcionário do governo, como descrito em um memorando de 2017 do Conselho de Segurança Nacional.
A fonte acrescentou que este memorando do NSC registrou “vários tópicos, não apenas furacões … Não era que alguém estivesse tão aterrorizado com a ideia de ‘bombardear furacões’ de Trump que eles o escreveram. Eles apenas captaram os comentários do presidente”.
O portal buscou confirmar por outras vias a veracidade do delírio de Trump. Um alto funcionário do governo se recusou a confirmar ou negar o caso. “Não comentamos sobre discussões privadas que o presidente pode ou não ter com sua equipe de segurança nacional”, esquivou-se.
Outro alto funcionário do governo, questionado sobre o assunto, defendeu a ideia de Trump – quase confirmando tudo. “Seu objetivo – evitar que um furacão catastrófico caia no continente – não é ruim”, disse essa autoridade. “Seu objetivo não é ruim”, repetiu.
Fazendo por merecer o troféu puxa-saco do ano, o alto funcionário de Trump asseverou que “o que as pessoas perto do presidente fazem é dizer ‘eu amo um presidente que faz perguntas como essa, que está disposto a fazer perguntas difíceis'”.
Provavelmente expondo uma imagem um tanto exagerada de tipos como ele mesmo, o alto funcionário acrescentou que “é preciso pessoas fortes para responder a ele da maneira certa quando coisas como essa surgem. Para mim, os alarmes não dispararam quando eu ouvi falar sobre isso”.
Apesar de toda essa profissão de fé sobre o amado presidente, numa concessão à sanidade básica, o alto auxiliar admitiu que “eu acho que alguém vai usar isso para alimentar a narrativa de que o ‘o presidente é louco’”.
Segundo o Axios, o disparate surgiu pela primeira vez na década de 1950, mas, de acordo com os cientistas da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA, a ideia – de jerico – “não funcionaria”.
Conforme a página Mitos do Ciclone Tropical do órgão, “além do fato de que isso pode nem mesmo alterar a tempestade, essa abordagem negligencia o problema de que a precipitação radioativa liberada se moveria rapidamente com os ventos alísios para afetar áreas de terra e causar problemas ambientais devastadores”.
De acordo com as fontes, a ‘ideia’ de Trump jamais entrou em um processo político formal.
O Axios lembra ainda outro impedimento: seria uma violação do tratado internacional em vigor que proíbe explosões nucleares na atmosfera.
Curiosamente, ao final o portal registrou que a temporada de furacões nos EUA “vai até 30 de novembro”.
A.P.