Esquema ilegal imita as técnicas de Goebbels. Para cada grupo social uma mentira diferente. Atitude pedófila fez cair uma de suas máscaras. Outras precisam ser tiradas
Não foi por acaso que ocorreu, há algum tempo, o episódio em que o secretário de Cultura de Bolsonaro, Roberto Alvim, imitou Joseph Goebbels, o chefe da propaganda de Hitler. As semelhanças entre a máquina criminosa de fake news de Bolsonaro e a de Goebbels são muito grandes. Uma das diferenças, no entanto, está no alcance atual proporcionado pela internet.
A técnica usada pela central bolsonarista de propaganda é a de fabricar um tipo de Bolsonaro para cada grupo da sociedade que eles pretendem enganar. Assim foi com Hitler. O Bolsonaro real é um político medíocre, afeito a rachadinhas e outros golpes contra o erário, um mau militar, um puxa-saco da direita americana, um amigo de milicianos e criminosos, um preguiçoso e aproveitador, um sujeito violento contra mulheres e um mentiroso e manipulador da fé religiosa.
A CADA GRUPO UMA MENTIRA
A segmentação do público-alvo da máquina de mentiras do Planalto é feita pelas novas técnicas de “big data”, usadas pioneiramente por Donald Trump e por seu assessor Steve Bannon, que foi condenado recentemente nos EUA pela trama dos dois para perpetrar um golpe de Estado naquele país. Eles enviam mensagens falsas direcionadas a grupos específicos. Essas mensagens são “bombadas” por sua rede humana e robótica montada com quantias milionárias vindas de “financiadores ocultos” e apoiadores do esquema.
O sistema funciona da seguinte forma. Bolsonaro, um político medíocre, falsário e picareta, é pintado como um mito salvador que veio redimir o país contra uma catástrofe que se aproxima. E esta “catástrofe”, que se aproxima, é sempre culpa dos outros. No começo, antes de assumir o governo em 2018, a culpa da catástrofe era dos governos do PT. A corrupção era a grande causa do “novo messias”. Agora, depois de quatro anos de seu desgoverno, a culpa é da seca, da guerra, da pandemia, de novo do PT e de qualquer um, menos de sua desastrosa administração.
Bolsonaro se enrola na bandeira brasileira, mas não gosta nem um pouco do Brasil. Ele faz continência para a bandeira americana e ao mesmo tempo quer vender todas as empresas brasileiras para grupos estrangeiros. Fez isso com as refinarias da Petrobrás, com os gasodutos, com os postos de gasolina, com a Eletrobrás, etc. Éramos autossuficientes na produção de combustíveis, agora somos importadores e ficamos à mercê dos preços internacionais dolarizados. Apesar disso tudo, a “máquina de mentiras” pinta Bolsonaro como um patriota.
FALA PEDÓFILA
Recentemente uma outra característica de Bolsonaro veio à tona por um descuido do boquirroto. Sua fala atrapalhou a imagem fabricada de homem de fé. Ele descrevia um de seus frequentes passeios de moto pela periferia de Brasília quando, segundo suas próprias palavras: “vi algumas meninas bonitinhas, de 14 ou 15 anos. Parei a moto, tirei o capacete e olhei para elas”, prosseguiu. “Fui até elas e aí, pintou um clima”. Entrei e havia umas 15 ou 20 meninas se arrumando”. “Estavam se arrumando num sábado a tarde para quê? Para ganhar a vida”, concluiu.
A figura de pai de família religioso e sério, criada pela propaganda bolsonarista, desabou com este relato. Ficou clara a atitude criminosa do mandatário. Não denunciou o que seria, na sua versão, desmentida posteriormente, um caso de prostituição infantil. Ele agiu como um pedófilo, ao falar em “pintar clima” com meninas de 14 ou 15 anos.
Na mesma hora a rede bolsonarista difundiu mensagens dizendo que o fato era uma manipulação da esquerda e uma falsificação de campanha. Mas era ele falando. Não tinha como colar essa versão de manipulação. O escândalo abalou a falsa imagem fabricada de homem de fé da máquina bolsonarista. Visto o prejuízo, ele correu para pedir desculpas e dizer que não era bem isso, mas a máscara já tinha caído.
Na propaganda bolsonarista são selecionadas mensagens específicas para cada grupo social. À distribuição indiscriminada de armas, por exemplo, defendida por Bolsonaro, que abastece as milícias que controlam boa parte das grandes cidades, a propaganda diz que é a política dele contra a bandidagem. Que é uma forma da sociedade se defender, etc. Essa é a forma de atingir as pessoas preocupadas com a segurança pública. Ao invés de investir nas polícias, ele estimula a matança, semelhante ao velho Oeste americano. Mas isso não melhora em nada a segurança pública. Pelo contrário. É exatamente a bandidagem que está adquirindo a armas distribuídas por Bolsonaro e, não por acaso, a violência está aumentando.
CRISTÃO DE FANCARIA
Para os cristãos, eles inventam mentiras de que a oposição persegue igrejas e que vai liberar as drogas e que Bolsonaro é o salvador, o enviado de Deus, o messias, etc. Pintam um falsário, o boquirroto do “clima” com as “menininhas bonitinhas”, como vimos antes, como sendo um homem sério, um evangélico, um católico e um pai de família exemplar. Tudo mentira. Ele foi pego numa cerimônia da maçonaria, entidade condenada pelos evangélicos. Depois, apareceu numa entrevista a um jornal americano dizendo que comeria carne humana. Uma atitude abominada por qualquer cristão.
O fato é que o “cristão de fancaria” foi desmoralizado por imagens onde ele mesmo aparece falando. É nessa hora que a “máquina de propaganda” faz de tudo para sumir com a verdade e desviar o assunto. Os verdadeiros cristãos têm sido bombardeados com mentiras sobre as supostas intenções maléficas de Lula. Só que foi Lula quem criou a lei de liberdade religiosa. E os verdadeiros ataques ao cristianismo, como pedofilia, canibalismo, violência, ódio, etc, são desferidos pelo próprio Jair Bolsonaro. Cada vez mais é necessário desmontar essa sua farsa entre os cristãos.
O “homem honesto”, outra fabricação da máquina milionária de fake news, também não se sustenta. Além das rachadinhas da família, até hoje não explicadas, a roubalheira com barras de ouro no MEC e a criação do “orçamento secreto”, o maior escândalo de roubo de verbas públicas do planeta, como disse a senadora Simone Tebet, a marca registrada do governo Bolsonaro é a roubalheira e a perseguição a quem investiga. Ele se elegeu dizendo ser inimigo da corrupção, mas multiplicou por muito a roubalheira. Desmontou os órgãos de fiscalização e virou, como se diz nos meios políticos, “tchuthuca” do centrão.
A oposição e os tribunais parecem já ter percebido a forma de funcionamento da máquina criminosa de distribuição de mentiras de Bolsonaro. Agora, é necessário se contrapor a ela de duas formas. A primeira é mergulhando nas redes sociais e nas ruas, se dirigindo a cada um desses grupamentos sociais, com suas especificidades. As mentiras de Bolsonaro são segmentadas e dirigidas a cada grupo separadamente. A batalha da oposição tem que ser dirigida também a esses grupos separadamente e com conteúdo específico. Cada mentira deve ser desmontada, uma a uma.
ENTREGUISTA E ANTIPATRIÓTICO
Aos cristãos, deve ser desmascarada a falsidade religiosa de Bolsonaro e desmontar suas mentiras sobre medidas que a oposição democrática supostamente tomaria contra a religiosidade.
Aos patriotas, deve ser demonstrado o caráter entreguista e antipatriótico de Bolsonaro, que faz continência para a bandeira americana, que entrega a Amazônia para o bilionário americano Elon Musk e assim por diante. A segunda maneira de encurralar o fascismo é com a repressão legal, como já está sendo feita – e deve ser intensificada, por parte das instituições republicanas como TSE e STF. Os esquemas criminosos e fascistas devem ser desmontados para o bem da democracia.
SÉRGIO CRUZ
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