O corregedor-geral Eleitoral, Benedito Gonçalves, determinou que o depoimento do chamado hacker Walter Delgatti Neto, assim como provas obtidas no inquérito das milícias digitais, fossem incluídos em uma ação que corre contra o ex-presidente Jair Bolsonaro por ataques contra a democracia.
A ação em questão, que ainda está na fase de coleta de provas, trata do uso ilegal da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para atrapalhar a realização do segundo turno das eleições presidenciais e de ataques de Bolsonaro contra as urnas eletrônicas.
Com a inclusão do depoimento de Walter Delgatti e das provas obtidas no inquérito, as ações contra Jair Bolsonaro se tornam mais fortes.
Walter Delgatti Neto contou à CPMI do Golpe que Jair Bolsonaro lhe convidou pessoalmente para participar de uma propaganda contra as urnas eletrônicas. Em troca, receberia indulto.
O plano era usar uma urna eletrônica com os códigos alterados para gravar um vídeo no qual a pessoa digitaria o número da candidatura de Bolsonaro, mas a urna colocaria o voto em Lula.
No entanto, o ex-presidente não conseguiu roubar nenhuma urna eletrônica para a peça publicitária.
Além disso, Bolsonaro pediu a Walter Delgatti que assumisse a autoria de um grampo que teria sido instalado no presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes.
Outro tema citado por Delgatti, e que agora faz parte dos autos dos processos no TSE, é o da invasão que foi feita no sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O hacker realizou o serviço a pedido da deputada Carla Zambelli (PL-SP).
Logo depois do segundo turno das eleições, a coligação de Lula e a Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV) pediram a abertura de uma investigação sobre as ações da PRF no dia do segundo turno.
A PRF, comandada pelo bolsonarista Silvinei Vasques, realizou operações para tentar impedir a chegada de eleitores em seus locais de votação. Isso aconteceu principalmente em locais onde Lula teve maior vantagem no primeiro turno.
Além de Jair Bolsonaro, a ação no TSE tem como alvo seu candidato a vice, general Braga Netto, os senadores Magno Malta (PL-ES) e Flávio Bolsonaro (PL-RJ), e os deputados Nikolas Ferreira (PL-MG), Gustavo Gayer (PL-GO) e Bia Kicis (PL-DF).