Declarações ocorreram no âmbito de ação do PDT, que questiona reunião com embaixadores estrangeiros promovida por Bolsonaro para levantar acusações falsas sobre as urnas eletrônicas e o processo eleitoral
O deputado bolsonarista Filipe Barros (PL-PR) prestou depoimento, na segunda-feira (27), no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), no âmbito da ação que pode deixar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) inelegível.
O deputado foi indicado como testemunha, no processo, pelos advogados do ex-chefe do Executivo. A oitiva do parlamentar durou cerca de 2 horas. E, também, foi ouvido o ex-deputado Major Vitor Hugo (PL-GO).
Os depoimentos ocorreram no âmbito da Aije (Ação de Investigação Judicial Eleitoral). Foi apresentada pelo PDT, que questiona reunião com embaixadores estrangeiros promovida ano passado, às vésperas das eleições.
As ilações foram levantadas por Bolsonaro para lançar acusações mentirosas em relação à segurança das urnas eletrônicas e o processo eleitoral.
DEFESA DO INDEFENSÁVEL
Os dois bolsonaristas, segundo notícias, tentaram isentar o ex-presidente e defenderam que ele apenas desejava aprimorar o sistema de votação.
Barros foi o relator, na Câmara dos Deputados, da PEC (proposta de emenda à Constituição) para instituir o voto impresso.
Ele é investigado, ao lado do ex-presidente, em inquérito no STF (Supremo Tribunal Federal), sob a acusação de vazar dados sigilosos de investigação da PF (Polícia Federal) sobre ataque hacker aos sistemas do TSE.
A proposta do chamado voto impresso, embora tenha sido derrotada na comissão especial (mérito), foi colocada, na ocasião, pelo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), para ser votada também pelo plenário.
O texto caiu pois não alcançou o mínimo de 308 votos necessários para ser aprovado. Mas mesmo assim, Bolsonaro e os bolsonaristas continuaram insistindo no voto impresso, pois segundo eles, o voto eletrônico não seria auditável.
Ao todo, estavam previstos 5 depoimentos, na segunda-feira, mas, por conta do horário, 2 deles foram adiados para esta terça-feira (28): o do jornalista Augusto Nunes e da ex-jogadora de vôlei Ana Paula Henkel.
A defesa do ex-presidente desistiu da oitiva do colunista Guilherme Fiuza. Todos trabalhavam na Jovem Pan. Rádio e TV de perfil conservador, que endossou as críticas de Bolsonaro às urnas eletrônicas durante a eleição.
AÇÃO MAIS AVANÇADA
A Aije movida pelo PDT é considerada a mais avançada entre as 16 que tramitam na Corte e podem impedir Bolsonaro de disputar nova eleição.
A previsão inicial era que o caso fosse julgado ainda no primeiro semestre deste ano, mas o andamento do processo pode atrasar devido às novas diligências que estão em curso.
Na mesma ação, já prestaram depoimento o ex-ministro das Relações Exteriores Carlos França, o ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro, Ciro Nogueira (PP), e o ex-ministro da Justiça Anderson Torres.