Tunísia libera porto a navio com 40 imigrantes após 16 dias em alto mar

Navio com 40 imigrantes, inclusive duas mulheres grávidas, atraca em porto da Tunísia, após vagar 16 dias no Mediterrâneo.

Após 16 dias de um perigoso impasse, o governo da Tunísia finalmente autorizou, domingo (29), o desembarque no porto de Zarzis de 40 imigrantes resgatados por um navio comercial Sarost 5. Apesar de se encontrarem no barco duas mulheres grávidas e um homem ferido, França, Itália e Malta simplesmente se negaram a prestar qualquer tipo de ajuda.

Com bandeira tunisiana, o governo africano afirmou ter dado a autorização por “motivos humanitários”, já que não havia mais alimentos para as pessoas, mas disse temer que a ancoragem do Sarost 5 – que tem bandeira tunisiana -, abrisse um “precedente perigoso” no Mediterrâneo, convertido em um imenso cemitério. Mais de 1.500 pessoas já morreram apenas neste ano no Mediterrâneo, segundo a ONU.

Vindos de Bangladesh, na Ásia, Egito, Camarões, Costa do Marfim, Senegal, Guiné e Serra Leoa, na África, os imigrantes serão agora acolhidos pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), pelo Crescente Vermelho e pela Organização Internacional para as Migrações (OIM).

Conforme o primeiro-ministro Youssef Chahed, “a Tunísia recusou a abertura de campos de acolhimento para migrantes em seu território e o episódio não deve ser usado como um precedente”.

O capitão do Sarost 5, Ali Aiji, disse que os imigrantes estão esgotados e que o cansaço é tamanho que querem entrar rapidamente na Tunísia. O resgate dos 40 deslocados externos aconteceu no dia 13 de julho, em área de busca e socorro sob competência de Malta, que simplesmente recusou o desembarque. Logo depois foi a vez da Itália e da França também se negarem a receber o navio, que então teve de retornar à Tunísia.

Explicitando o preconceito “higienizador”, a Itália propôs que a União Europeia incentive a criação de postos de desembarque fora do bloco – o mais longe possível -, principalmente do outro lado do Mediterrâneo, em países africanos como Líbia e Tunísia.

O ministro espanhol do Interior, Fernando Grande-Marlaska, solicitou no último sábado (28), uma “solução europeia” para o “problema da imigração”, após a Guarda Costeira do seu país ter auxiliado mais de 1.200 imigrantes no mar em apenas dois dias.

O serviço público de Salvamento Marítimo da Espanha anunciou que 334 pessoas chegaram sábado ao país em 17 embarcações improvisadas. Na sexta-feira a Guarda Costeira havia socorrido 888 pessoas em um único dia. Neste ano, a Espanha ultrapassou a Itália como a primeira porta de entrada de imigrantes irregulares à Europa.

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