A Turquia, através do porta-voz da Presidência, Ibrahim Kalin, rejeitou a política russofóbica de Washington declarando que “a Rússia deve ser ouvida”.
“Se todos queimarem as pontes com a Rússia, quem vai conversar cm eles no final do dia?”, prosseguiu Kalin, no momento em que a Turquia anunciava a abertura de mais uma rodada de negociações para esta terça-feira (29) entre as delegações da Rússia e da Ucrânia, a se realizar em Istambul.
As conversas entre os delegados da Ucrânia e da Rússia serão retomadas em formato presencial.
“As negociações estão em andamento, mas serão retomadas amanhã em Istambul presencialmente, após uma série de videoconferências”, disse ministro do Esxterior da Rússia, Sergei Lavrov.
Ao expressar sua expectativa de que as negociações tragam resultados atendendo a “objetivos fundamentais”, informou que “durante conversas telefônicas, o presidente turco, Tayyip Erdogan, e o presidente russo Vladimir Putin concordaram quanto ao local desta reunião”.
A informação também foi confirmada por Vladimir Medinsky, líder da equipe de negociação da Rússia, e pelo negociador ucraniano David Arakhamia, que declarou que a rodada deve se estender até o dia seguinte, 30 de março.
Até agora, as duas partes se encontraram presencialmente em três ocasiões – em 28 de fevereiro, 3 de março e 7 de março – na Bielorússia, enquanto no dia último 10 aconteceu uma reunião em Antalia, na Turquia, entre os ministros das Relações Exteriores da Rússia e da Ucrânia, Sergei Lavrov e Dmytro Kuleba, respectivamente.
Desde então, as negociações têm ocorrido praticamente diariamente, por videoconferência, sempre no nível das duas delegações e grupos de trabalho.
Moscou está negociando para garantir que “o povo de Donbass nunca mais sofra com o regime de Kiev”, comentou Lavrov.
“Somos obrigados a garantir que a Ucrânia deixe de ser um país que se militariza constantemente e tenta colocar armas de ataque que ameacem a Federação Russa”, asseverou.
“Há possibilidades de um acordo, porque há uma compreensão dos erros mais sérios de longo prazo por parte dos líderes do Ocidente, embora por razões óbvias é improvável que eles digam isso em voz alta”, considerou.
O chanceler russo insistiu na necessidade de organizar um encontro entre o presidente russo, Vladimir Putin, e seu homologo ucraniano, Volodímir Zelensky, mas apenas quando os principais problemas estiverem saneados.
A Turquia, mesmo sendo membro da Otan, se opõe às sanções ocidentais contra a Rússia e também rechaça a possibilidade de enviar armas para o regime de Kiev, em especial o seu sistema de mísseis de defesa terra-ar S-400, de fabricação russa. “Isso é uma questão definitiva. Eles são propriedade nossa, servem a nossa defesa, portanto não há mais discussão”, enfatizou o presidente turco, Tayep Erdogan.
A delegação russa, além de Vladimir Medinsky, membro do Conselho Geral do partido Rússia Unida e do líder da Comissão de Assuntos Externos do Parlamento Russo (Duma) Leonid Slutsky, incluiu o vice-ministro das Relações Exteriores Andrei Rudenko.
A delegação ucraniana, além do Conselheiro da presidência, Mykhailo Podolyak, chefe da delegação, incluiu o presidente da bancada parlamentar do partido Servo do Povo, David Arakhamia e o ministro da Defesa, Oleksiy Reznikov.
Segundo a rede de notícias RT, Kiev ainda resiste ao acordo apresentado pela Rússia, no sentido de que a Ucrânia assuma a neutralidade e se comprometa à não adesão à Otan (que tem se mostrado crescentemente hostil à Rússia); que admita a autonomia das Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk (com população de ucranianos que em grande parte adotam o russo como língua principal) e que Kiev se comprometa a não molestar ou agredir os ucranianos de fala russa. Apesar do bombardeio ao Donbass durante oito anos, da transformação de cidades como a de Mariupol, em base do esquadrão nazista Batalhão de Azov, Kiev insiste em que a entrada da Rússia no Donbass “foi não provocada”, diz a RT.