O dirigente do Partido Patriótico da Turquia (Vatan), Dogu Perincek, afirma que partes do corpo do jornalista saudita, Jamal Khashoggi, desaparecido desde o dia 2 de outubro, foram localizados nos jardins da residência do cônsul saudita.
Khashoggi desapareceu depois de ser visto pela última vez ao entrar no consultado da Arábia Saudta, no dia 2, por volta das 13:30h.
Segundo o diário turco Aydinlik, o lugar está na casa do até há pouco cônsul-geral Mohammad al-Otaibi, também a poucos metros do consulado geral do país.
A rede Sky News também divulgou há pouco a informação da localização de partes do corpo, citando “fontes anônimas” de que também teriam dito que Khashoggi foi “cortado em pedaços”. Segundo a Sky, a cabeça decapitada foi encontrada com o rosto desfigurado. Essas partes do corpo estariam dentro de um poço na casa do cônsul.
Khashoggi, articulista do jornal norte-americano, Washington Post, teve seu desaparecimento primeiramente denunciado por sua noiva, que teria aguardado 11 horas, sem que ele surgisse de dentro do prédio do consulado, para então denunciar o fato à polícia turca.
O presidente turco, Tayyip Erdogan, deu declarações sobre conclusões da polícia turca, ao parlamento de seu país, neste dia 23, conforme prometera já no domingo.
Erdogan que também disse que revelaria “tudo em detalhes”, limitou-se a fortes afirmações porém que continuam genéricas. Na declaração do presidente turco, como veremos a seguir, faltaram tanto os detalhes como a apresentação dos vastamente citados áudios e vídeos que estariam em poder da polícia da Turquia.
“Temos a certeza de que Khashoggi foi assassinado no consulado saudita”, afirmou Erdogan. O fato já havia sido admitido – após insistentes negativas anteriores – pelo próprio governo saudita.
Erdogan, no entanto, se choca com as declarações oficiais sauditas ao destacar que “o crime selvagem” foi “planejado”. “Houve um plano que começou a ser gerado em 28 de setembro, na primeira visita de Khashoggi ao consulado”, disse o presidente.
Erdogan prosseguiu afirmando que a Arábia Saudita informou sobre a detenção de 18 participantes do assassinato. “Porque essas 15 pessoas, chegaram a Istambul no dia do crime? De quem essas pessoas receberam ordens para vir? Porque não deixaram investigar imediatamente no consulado, mas só dias depois? Por que não aparece o cadáver de alguém que reconhecidamente foi assassinado?”, questionou.
“As provas indicam que Khashoggi foi assassinado de maneira selvagem e que se tentou acobertar o crime. As provas indicam, sem lugar a dúvida, que o crime foi planejado”, reiterou o presidente turco, que exigiu saber onde está o corpo do jornalista, ao mesmo tempo que pediu uma “comissão de investigação independente” sobre o caso.
“Faço um apelo à Arábia Saudita, ao rei Salman, custódio das duas mesquitas. O lugar onde se cometeu o crime é Istambul. Peço-lhe que envie esses 18 detidos para que sejam julgados aqui”, conclamou Erdogan.
Até o momento da divulgação desta matéria, fotos dos restos mortais de Khashoggi não foram apresentados pela imprensa ou qualquer órgão oficial turco.
NATHANIEL BRAIA