As bombas de fragmentação são projetadas para matar ou mutilar pessoas e têm a capacidade de atingir em ampla área em torno da explosão através de estilhaços. São armas proibidas por acordos internacionais. As bombas foram usadas pelos ucranianos contra cidadãos do país na vila de Husarivka, apurou o The New York Times
O Exército ucraniano utilizou bombas de fragmentação, que são proibidas por acordos internacionais, contra seus cidadãos em cidades de seu próprio território durante a guerra contra a Rússia, apurou o The New York Times.
Segundo o jornal estadunidense, o exército ucraniano bombardeou a vila de Husarivka durante a maior parte do tempo em que ela esteve controlada pelas forças russas.
Pelo menos dois civis ucranianos morreram por conta dos bombardeios feitos por seus compatriotas.
Repórteres do The New York Times visitaram a vila de Husarivka, ao noroeste de capital ucraniana Kiev, perto da fronteira com a Bielorússia, e verificaram que as bombas de fragmentação que atingiram a vila entre os dias 6 e 7 de março têm origem ucraniana.
Um civil que mora na pequena vila agrícola, Yurii Doroshenko, relatou que a cidade estava ocupada pelos russos quando foi bombardeada diversas vezes, inclusive com as bombas de fragmentação.
“Eles [ucranianos] estavam bombardeando e atingiram a rua” em que ele morava, contou.
A bomba que atingiu a vila era do tipo Uragan 220 mm, que é um míssil autopropulsado do tipo anti-pessoal, isto é, que tem como objetivo matar ou mutilar pessoas.
O termo “bomba de fragmentação” se refere ao tipo de munição que, quando se aproxima do alvo, lança dezenas de bombas por uma área, explodindo indiscriminadamente em qualquer coisa que encontrar e lançando estilhaços cortantes.
O míssil que foi lançado pelo Exército ucraniano carrega cerca de 30 bombas, cada uma com a capacidade explosiva duas vezes maior do que uma granada de mão.
O uso de bombas de fragmentação é proibido por uma convenção internacional desde 2010.
Além de atingir alvos indiscriminadamente, as bombas de fragmentação podem não explodir no impacto, o que torna elas um risco para a população local mesmo depois do fim da guerra.
Mary Wareham, diretora de Defesa da Divisão de Armas da Humans Right Watch, afirmou que o uso desse tipo de munição, ainda mais em regiões com civis, é “inaceitável”.
“Não é surpreendente, mas é definitivamente desanimador ouvir que surgiram evidências indicando que a Ucrânia pode ter usado munições de fragmentação neste conflito atual”, disse.
A Ucrânia já usava esse tipo de munição contra sua própria população desde 2014, quando começou a perseguir e matar os moradores de Donetsk e Lugansk, no leste do país, que reivindicavam autonomia.
A própria Humans Right Watch produziu um relatório, em 2014, afirmando que “há fortes evidências que as forças do governo ucraniano foram responsáveis por vários ataques com bombas de fragmentação no centro de Donetsk”.
A organização contou que “um funcionário do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) foi morto em 2 de outubro em um ataque a Donetsk que incluiu o uso de foguetes de bombas de fragmentação”. Os ataques realizados em 2014 mataram pelo menos seis pessoas e deixaram dezenas de feridos.
A vila de Husarivka foi ocupada rapidamente pelos russos, depois do começo da guerra, em 24 de fevereiro, como parte da ofensiva e cerco contra a capital Kiev. Somente no dia 26 de março, depois do recuo estratégico anunciado pela Rússia, a Ucrânia retomou o controle.
O Exército da Ucrânia não respondeu à reportagem do NYT e não comentou o ocorrido em nenhum canal de comunicação.
NAZISTAS UCRANIANOS BOMBARDEARAM MARIUPOL
A cidade de Mariupol, na região de Donetsk, está sendo um dos focos da guerra na Ucrânia. Moradores da cidade contam que militares ucranianos bombardearam a cidade e mataram civis antes mesmo dos exércitos russo ou da República Popular de Donetsk se aproximarem.
“Que vida pode haver sem uma casa? Todas elas pegaram fogo, as garagens queimaram. Tudo queimou. Nós fomos bombardeados pelo Exército ucraniano”, disse um civil que está escondido em um abrigo antibombas.
“Isso aconteceu antes mesmo da Rússia aparecer aqui. Se fosse a Rússia, eu diria para você, mas foi a Ucrânia. Eles tinham braçadeiras azuis e bandeiras ucranianas”, continuou o civil.
“Eu não sei porque bombardear um território onde cidadãos ucranianos estão e não sei porque as tropas que as tropas que são chamadas para nos proteger estão nos bombardeando”, acrescentou uma senhora Olga Vladimirovna.
Os relatos foram coletados pelo jornalista Patrick Lancaster, que está em Mariupol acompanhando os acontecimentos da guerra.
A “defesa” de Mariupol está sendo realizada principalmente pelo grupo nazista chamdo Batalhão Azov, que foi incorporado às Forças Armadas da Ucrânia em 2014.
Os grupos nazistas como o Batalhão Azov, Setor Direita e Batalhão Aidar são usados pelo governo ucraniano para massacrar as populações de Donetsk e Lugansk desde 2014.