A Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e o Programa de Pós-Graduação em História (PPGHIS) repudiaram o ataque ocorrido durante a transmissão do I Ciclo de Palestras do Vivarium, com palavrões e imagens pornográficas, forçando a interrupção momentânea da atividade.
“Esses ataques de cunho fascista demonstram o quanto incomodam as atividades regulares em áreas como a Educação e a Saúde. Não existem diálogos ou argumentos, mesmo porque, para que assim o fosse, seria preciso um mínimo de capacidade racional”, afirmou o coordenador do PPGHis, professor Vitale Neto.
Ver UFMT repudia ataques durante transmissão de palestra
“A crescente presença de atividades fascistas visando a destruição das bases do conhecimento, produzindo incertezas e o caso social, tem tido no Brasil um terreno fértil e há de ser uma preocupação pessoal para cada um e uma de nós. Se nos negarmos a isso, nenhum outro plano futuro fará sentido”, concluiu o professor.
Bolsonaristas invadiram e interromperam a realização de uma palestra universitária, na quinta-feira (11).
Os apoiadores de Jair Bolsonaro entraram na sala pública onde estava sendo transmitido o I Ciclo de Palestras Online do Vivarium/UFMT e começaram a escrever no chat e gritar no áudio coisas, como “mito!”, “Bolsonaro mito!” e “fora petistas!”.
A palestra sobre África e Ásia medieval foi interrompida quando um dos bolsonaristas usou a aba de transmissão da sala para projetar um site com conteúdo pornográfico.
A atividade voltou a acontecer, mas em ambiente virtual privado.
Os professores da UFSC, Alex Degan e Fábio Morales, e Dominique Santos, da FURB, emitiram nota condenando a agressão.
Veja a nota de repúdio produzida por professores da UFSC e da FURB:
“Nota de repúdio ao ataque cibernético racista à palestra sobre África e Ásia medieval
Hoje, dia 11 de junho de 2020, durante o I Ciclo de Palestras Online do Vivarium/UFMT, a palestra do Prof. Dr. Otávio Luiz Vieira (UFPR), com comentários do Prof. Dr. José Rivair Macedo (UFRGS), foi covardemente atacada por um grupo de perfis que, após entrar na plataforma onde ocorria a videoconferência, começaram a escrever no bate-papo e gritar no áudio palavras como “mito!”, “Bolsonaro mito!” e “fora petistas!”, até que um destes perfis projetou um site de conteúdo pornográfico na área para slides.
A palestra foi imediatamente interrompida e os organizadores fecharam a sala virtual pública, para em seguida continuarem o evento em modo privado.
A participação do Prof. Dr. Otávio Luiz Vieira, professor de História da África na UFPR, foi a terceira palestra online do evento; as duas primeiras não tiveram maiores problemas. Note-se que esta terceira palestra tratava da África medieval, e contava com a presença do ilustre africanista José Rivair Macedo (UFRGS). Tudo leva a crer que o ataque ocorreu em função do tema e da presença dos especialistas em história da África, o que aponta para o conteúdo racista do ataque. Fatos semelhantes ocorreram recentemente em palestras online de africanistas, como a Profa. Dra. Lucilene Reginaldo (UNICAMP), e diversas videoconferências relacionadas ao racismo.
Dito isto, a coordenação atual do Grupo de Trabalho de História Antiga (GTHA), vinculado à Associação Nacional de História (ANPUH), manifesta publicamente sua solidariedade para com os professores e público covardemente atacados na noite de hoje, reitera a importância da pesquisa científica e da divulgação científica de alta qualidade, assim como aponta a urgência de políticas públicas efetivas para a educação, a cidadania e o combate ao racismo.
Alex Degan (UFSC)
Dominique Santos (FURB)
Fábio Morales (UFSC)”