Nesta terça-feira (4), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) rebateu os dados divulgados pelo governo federal, após o incêndio do Museu Nacional no domingo (2), de que houve incremento de 48,9% nos repasses à instituição entre 2012 e 2017.
Segundo a reitoria, a informação é “falaciosa” e “extremamente absurda”. E informou que o orçamento da universidade encolheu 10,6% entre 2014 e 2018: saiu de R$ 434 milhões para R$ 388 milhões.
No mesmo período, os recursos destinados pela instituição ao Museu Nacional caíram 35%, dos parcos R$ 531 mil para míseros R$ 346 mil, conforme dados passados pelo museu.
O ministro-chefe da Casa Civil de Temer, Eliseu Padilha, afirmou que houve aumento de 48,9% na verba destinada à universidade entre 2012 e 2017. De acordo com ele “do total [de R$ 3 bilhões empenhados para a UFRJ em 2017], apenas R$ 373 mil foram destinados ao Museu Nacional”, com redução de 43,1% no repasse feito da universidade ao museu.
DESMENTIDO
A UFRJ desmentiu as informações concedidas pelos ministros Padilha, Rossieli Silva (Educação), Sérgio Sá Leitão (Cultura), na terça-feira. Eles reiteraram a responsabilidade da instituição pela administração do Museu Nacional, já que a instituição é vinculada à universidade, e desprezaram as críticas diretas feitas pelo reitor, Roberto Leher, e o diretor do museu, Alex Kellner, na segunda-feira.
“A Universidade sofreu significativa redução orçamentária nos últimos quatro anos. É falaciosa e extremamente absurda qualquer versão que insinue aumento de recursos, quando são visíveis os cortes na ciência e na educação, denunciados pela comunidade científica. O orçamento da UFRJ desde 2014 foi distribuído da seguinte forma: 2014, R$ 434 milhões; 2015, R$ 457 milhões; 2016, R$ 461 milhões; 2017, R$ 421 milhões; 2018, R$ 388 milhões”, salientou a UFRJ estimando que até o fim deste ano haja um déficit de R$ 160 milhões.
Os valores divulgados pela reitoria da universidade se referem às despesas com custeio – que inclui manutenção geral e obras de infraestrutura – e investimentos – que abrange compra de equipamentos e construção de novos prédios.
A UFRJ rebateu a informação do ministro afirmando ainda que a verba usada para pagamento de pessoal, mais de R$ 1 bilhão, não faz parte do repasse definido pela LOA. “A folha de pagamento da UFRJ inclui servidores ativos e até servidores aposentados e inativos de outras décadas. Essa folha, que ultrapassa R$ 1 bilhão, é gerida diretamente pelo Tesouro Nacional e não há sentido em incluí-la nas avaliações sobre gestão anual do dia a dia da UFRJ, por parte da sua administração central”.
A nota diz ainda que “a UFRJ alicerça sua preocupação com a difusão de informações imprecisas e incorretas sobre a questão orçamentária da universidade, que estão retirando do foco central o Museu Nacional, a perda de acervo e o significado disso para a nação brasileira”.
O museu divulgou que os repasses foram de R$ 531 mil em 2013; R$ 427 mil em 2014; R$ 257 mil em 2015; R$ 415 mil em 2016; R$ 346 mil em 2017. De janeiro a abril deste ano, foram liberados apenas R$ 54 mil.
O descaso do governo federal pelo crime cometido ao Museu Nacional é profundo. O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, chegou a classificar o episódio como uma “fatalidade”. Disse que agora que a tragédia aconteceu, “tem muita viúva chorando”, e defendeu que os museus busquem formas de gerar receita própria. “Temos que buscar formas de receita que não sejam somente o aporte de recursos da União”, completou.
O que ficou claro com essas declarações é que não há identidade alguma com a cultura popular, a história do nosso povo, da humanidade que era preservada no acervo do Museu Nacional. Para Marun, Padilha, Temer, Dilma e etc… Despender recursos com a memória e com a produção científica é um estorvo. O que para o povo é motivo de orgulho essa corja sente desprezo, são incapazes de enxergar sua importância.
A educação, cultura, ciência e história são públicos, pertencem há todo o povo. Por que então a sua manutenção, conservação, ampliação deve estar entregue ao setor privado? O desenvestimento promovido pelo PT e PMDB nos últimos anos reflete esse desprezo e essa vontade de entregar ao setor privado tudo que nos pertence.
RESPOSTA
Na contramão do governo e na defesa do Museu Nacional a direção da instituição agradeceu ao apoio recebido do povo. “gostaríamos de agradecer imensamente à população do Rio de Janeiro e às pessoas de todo o mundo que, de forma tão carinhosa, estão enviando centenas de milhares de mensagens e manifestações de apoio ao Museu Nacional. Todo esse carinho só vem comprovar, mais uma vez, o lugar de destaque ocupado por nossa instituição junto à sociedade”.
O museu agradeceu ainda à UFRJ, através do reitor Roberto Leher por “de forma incansável, não tem medido esforços na busca de caminhos, soluções e financiamento para a instituição” e a direção do museu, seus professores, pesquisadores e funcionários que “não tém medido , e não medirão, esforços para manter a instituição viva, atuante e funcionando como um dos mais importantes centros de ciência do mundo”.