
Por melhores salários e em defesa do emprego, cerca de 40.000 trabalhadores ferroviários do Reino Unido voltaram a paralisar os serviços nesta quarta-feira (27), um mês depois de realizarem sua maior greve em três décadas.
De acordo com o secretário-geral da RMT, Mick Lynch, a categoria está mais determinada do que nunca para garantir a valorização dos salários, segurança no emprego e melhores condições de trabalho. Na verdade, denunciou Lynch, o gestor público da Rede Ferroviária não apresentou “nenhuma melhoria em relação à sua oferta salarial anterior”.
Com a alta da inflação, no auge da crise do poder de compra e diante da falta de respostas nas negociações após os três dias de greve histórica no final de junho, o sindicato da RMT disse que se viu na obrigação de convocar os ferroviários a cruzarem novamente os braços por 24 horas.
O objetivo é repor os salários frente à disparada da inflação que pode ultrapassar 11% até o final do ano, um problema chave que o sucessor do primeiro-ministro Boris Johnson – que renunciou em 7 de julho após uma série de escândalos e mentiras – precisará resolver.
A inflação foi agravada com a adesão da Inglaterra – submissa a Washington – às sanções à Rússia sob pretexto do conflito causado centralmente por Ucrânia e Otan, sanções que fomentaram uma disparada no preço dos combustíveis.
Devido à greve, somente um em cada cinco trens está funcionando em cerca de metade da rede, com algumas áreas sem qualquer veículo durante todo o dia. A greve também afetou a circulação dos trens Eurostar, causando inúmeros cancelamentos e uma série de alterações de horários.
Além desta mobilização, os sindicatos RMT e TSA já anunciaram o lançamento de duas greves coordenadas nos próximos dias 18 (quinta-feira) e 20 de agosto (sábado), e a RMT confirmou uma paralisação no metrô de Londres em 19 de agosto (sexta-feira).
Sem abordar os inúmeros atropelos à categoria e ao sistema público, o ministro dos Transportes, Grant Shapps, atacou os sindicatos por não se dobrarem às pressões do governo. “Temos que fazer mais para impedir que esses sindicatos de extrema esquerda, muito militantes, perturbem a vida cotidiana das pessoas comuns”, declarou o ministro, propondo medidas ainda mais desequilibradas na relação com as entidades representativas dos trabalhadores.