ROSANITA CAMPOS
Para concluir esse relato já bastante grande devo dizer ainda aos amigos leitores que fiquei imensamente feliz por reencontrar durante a subida do monte Bektu um velho colaborador do HP, Gogiia Gurami, de Moscou, companheiro que traduzia os artigos do jornal Hora do Povo para o russo e traduziu o livro do Claudio, “A história continua” para o russo em 1992 quando esse livro foi publicado em Moscou. Eu conversava com um grupo de companheiros do México, do Peru, da Argentina e da Coreia em espanhol quando ele virou-se para mim e perguntou: “Companheira você é brasileira?”, eu disse que sim. Ele então continuou: “Você conhece no Brasil alguém do jornal Hora do Povo? Eu perdi o contato com eles, mas era eu quem traduzia para o russo os artigos do jornal e do livro do Claudio a quem admiro muito!”.
Foi um grande e emocionante encontro. Conversamos bastante, falei sobre o Brasil, sobre o jornal e ele sobre a Rússia e a Georgia de onde é originário, e lembramos os velhos tempos e o “Grande Georgiano”. Trocamos endereços e voltamos a ser os velhos amigos que tínhamos sido por tanto tempo, comemorando esse feliz reencontro ao som do murmúrio das águas do transparente Rio Dedong que nos acompanhava até quase as portas de nossas casas em Pyongyang.
Eu já havia ido várias vezes à Coreia, mas dessa vez fiz uma viagem especial. Diferente. Por isso senti necessidade contar aos nossos companheiros leitores alguns dos detalhes principais do que vivi nessa oportunidade na RPDC. A Coreia continua sendo um país sereno, apesar de viverem no momento tensão e provocação jamais vistas desde a época da Guerra Coreana. Mas com uma firmeza férrea em se tratando da defesa da Pátria. Visitei supermercados cheios, com muita gente fazendo compras com carinhos lotados e produtos muito baratos e de excelente qualidade, andei pelas ruas, vi a população bem vestida e tranquila, muitos turistas europeus, chineses, russos e brasileiros, não vi nenhum mendigo pedindo esmolas ou morando debaixo das pontes, nem ninguém passando fome por causa dos investimentos em segurança e tecnologia de ponta. Isso tudo sem ter um único rio poluído ou cidades enevoadas de partículas poluentes, o país todo em total respeito à preservação ambiental “para garantir a qualidade de vida de todo o povo”, segundo dizem. Eles continuam conseguindo caminhar com suas próprias pernas, e cada um com as duas pernas, ao estilo coreano, pois Kim Jong Un mantém a política e os ensinamentos dos grandes homens do Bektu.
A Coreia é um país em franco desenvolvimento, com um grande momento de construção de habitações novas em grandes edifícios modernos e reformas dos prédios mais antigos, reformas de museus e prédios públicos como o “Museu do Taecondo” recentemente reinaugurado, investimento na ampliação e modernização do metrô e dos transportes públicos, ampliação das frotas de taxi e empresas de aluguel de carros, tudo estatal pois na Coreia não existe propriedade privada, me diziam sempre, e um grande investimento em esportes, parques aquáticos recreativos, e em particular no futebol que os coreanos gostam tanto e em campeonatos desportivos. Pyongyang hoje não é apenas uma grande metrópole, é uma belíssima e moderna grande metrópole. Quem não conhece não sabe o que está perdendo.