O Cine-Teatro Denoy de Oliveira realizará, ao longo do mês de julho, a Mostra Milton Gonçalves, em homenagem ao grande ator brasileiro, falecido no mês de abril. Durante as sextas-feiras, sempre às 19 horas, serão exibidas quatro grandes obras brasileiras que contaram com a participação do ator.
A homenagem organizada pela equipe do Centro Popular de Cultura da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (CPC-UMES) tem o objetivo de “honrar o legado de um dos maiores atores da história do nosso cinema”.
A Mostra Milton Gonçalves é uma realização do Cine-Teatro Denoy de Oliveira, CPC-UMES e da Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM
A Hora do Povo conversou com Vitor Solemar, da equipe do Cine-Teatro Denoy de Oliveira e idealizador da mostra. Vitor destaca que o legado deixado por Milton Gonçalves “simboliza diretamente o espírito da UMES: nunca pare de aprender coisas novas e se aperfeiçoar, e por mais difícil que seja, sempre lute pelo que você acredita”.
Veja a entrevista:
HP: Por que homenagear Milton Gonçalves?
Vitor Solemar: Quando li um texto escrito pelos filhos dele percebi que o legado que Milton Gonçalves nos deixou se encaixa perfeitamente com todo o projeto da UMES com a juventude.
No texto a primeira parte dizia a respeito da questão da aprendizagem, Milton Gonçalves, mesmo aos 88 anos, nunca deixou de estudar, sempre buscou se aperfeiçoar como artista e como pessoa, sempre buscando coisas novas. Nas palavras de Catarina Gonçalves, seu pai era “um homem dos estudos” e ele sempre “mostrou a importância de se preparar”, ou seja, a fome de conhecimento que o ator tinha, foi o que possibilitou sua carreira ser tão grandiosa. E isso faz todo sentido, na longa trajetória audiovisual de Milton Gonçalves, o que mais se destaca é a sua versatilidade: são mais de 40 novelas e 100 filmes, cada personagem interpretado era único e marcante.
A segunda parte do texto, agora de seu filho, o também ator, Maurício Gonçalves, fala sobre a luta que o ator tinha nos bastidores, uma difícil batalha contra os papéis estereotipados e principalmente, pelo reconhecimento dos negros dentro da dramaturgia brasileira, uma luta que Milton enfrentou desde o início de sua carreira, há mais de 70 anos atrás.
Acredito que essas duas coisas representam o legado que Milton Gonçalves nos deixou e simbolizam diretamente o espírito da UMES: nunca pare de aprender coisas novas e se aperfeiçoar, e por mais difícil que seja, sempre lute pelo que você acredita.
HP: Qual a programação escolhida?
Vitor Solemar: Justamente pensando nesses dois aspectos de luta e versatilidade, escolhemos filmes baseados nos personagens marcantes e na mensagem que é passada nas obras. Serão quatro filmes apresentados: Natal da Portela (1988) de Paulo César Saraceni, Carandiru (2003) de Héctor Babenco, A Rainha Diaba (1974) de Antonio Carlos Fontoura e Eles Não Usam Black-tie (1981) de Leon Hirszman.
HP: Sobre o filme de abertura… Qual a razão da escolha de Natal da Portela?
Vitor Solemar: É o primeiro protagonista solo interpretado por Milton Gonçalves, (Rainha Diaba possui 2 protagonistas), além disso “Natal da Portela é um filme pelo qual temos muito carinho na UMES. Em 2009, fizemos um ciclo de debates chamado “Cinema Brasileiro de A a Z” e contamos com a participação do diretor do filme, Paulo Cesar Saraceni, um dos grandes nomes do cinema novo.
“Natal da Portela” conta a história de um lendário nome do samba e do carnaval, além de ser um dos principais compositores da escola de samba de onde era patrono, a Portela.
Um filme espetacular, mesmo produzido num momento delicado do cinema nacional, é uma obra que se destaca por sua sensibilidade com temas pesados, e a forma como exprime a alma da cultura brasileira em cada cena.
A obra ainda possui um elenco que conta com grandes atores e figuras lendárias do samba. Além de Milton Gonçalves nós temos: Zezé Motta, Zózimo Bulbul, Adele, Almir Guineto, Adele Fátima, João Nogueira, Jamelão e uma participação muito simbólica de Grande Otelo na primeira parte do filme, quando acompanhamos o personagem “Seu Napoleão”, pai de Natal da Portela. Ou seja, temos em filme a passada de bastão entres esses dois grandes nomes do nosso cinema.
Veja o trailer da Mostra:
PROGRAMAÇÃO
01/07 – Natal da Portela (1988)
de Paulo César Saraceni – sessão de abertura em 35mm
Cinebiografia de um dos nomes lendários do Samba. Embora mal pudesse dançar ou tocar um instrumento, tornou-se um dos principais compositores da Portela, importante escola de samba carioca.
08/07 – Carandiru (2003)
de Héctor Babenco
Filme baseado no livro “Estação Carandiru” de Drauzio Varela, o filme explora o lado humano dos detentos na maior prisão da América Latina um pouco antes do massacre acontecido em 1992.
15/07 – A Rainha Diaba (1974)
de Antonio Carlos Fontoura
Uma visão subversiva do Rio de Janeiro nos anos 70, nele acompanhamos o mundo do crime sendo liderado por uma Drag Queen negra com fome de poder e violência! Será que rainha pode confiar em seus súditos, por mais fabulosos que sejam? Ou acontecerá algum complô para tomar a coroa de sua Majestade?
22/07 – Eles Não Usam Black-tie (1981)
de Leon Hirszman
Filme que conta a história de um militante sindical metalúrgico que tenta organizar os trabalhadores de uma fábrica para resistir às práticas de exploração da empresa.
SERVIÇO
MOSTRA MILTON GONÇALVES
Dias 1, 8, 15 e 22 de julho
O Cine-Teatro Denoy de Oliveira fica localizado na Rua Rui Barbosa, 323, na Bela Vista, centro de São Paulo.
As sessões começam sempre às 19h, com distribuição dos ingressos com uma hora de antecedência, chegue cedo para garantir seu lugar, a retirada é feita diretamente no Cine-Teatro mediante a apresentação do comprovante de vacinação contra a covid-19.
Para mais informações, acesse o Instagram do Cine-Teatro Denoy de Oliveira, ou através do WhatsApp 11 94662–6916