A Unesco reconheceu os documentos históricos e manuscritos de autoria de Luiz Gama como Patrimônio da Humanidade.
Herói da abolição, formador da nacionalidade brasileira, poeta, advogado e jornalista, o reconhecimento a Luiz Gama é mais do que justo. Como afirma o diretor de redação da Hora do Povo, Carlos Lopes, autor de vários ensaios abordando o seu papel na história do país: “Luiz Gama foi a figura mais avançada da luta abolicionista”. “Nenhum outro homem, nenhuma outra figura histórica, condensou tanto, em grau tão elevado, a luta pela Abolição da escravatura – e, portanto, a luta pela constituição de nossa nacionalidade – quanto Luiz Gama”, afirma.
Nascido de pai branco e mãe negra, o baiano Luiz Gama foi vendido como escravo pelo próprio pai, aos 10 anos. Ao longo de uma vida de luta, resistência, e combatividade, conseguiu sua alforria aos 18 anos e frequentou como ouvinte as aulas da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, e passou a atuar como advogado em prol dos escravos.
Em sua atuação como advogado conseguiu a libertação de mais de 500 negros, além de atuar em diversas frentes pelo fim da monarquia no Brasil.
A promoção pela Unesco de documentos fundamentais para a preservação da memória global acontece desde 1992. A inclusão dos manuscritos assinados por Luiz Gama para essa seleção foi divulgada pela Unesco-América Latina em dezembro.
Os textos de autoria de Luiz Gama que receberam o título de memória mundial incluem, além de cartas de emancipação de escravos, processos judiciais em que ele atuou em defesa de escravizados, e artigos de jornal.
Parte desses documentos já está digitalizada e pode ser acessada no site do Arquivo Público do Estado de São Paulo.