A Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) no Brasil, publicou uma nota de repúdio, lamentando com veemência os fatos ocorridos em 8 de janeiro, em Brasília, quando terroristas invadiram prédios públicos e depredaram obras e artigos do patrimônio da cultura nacional. O órgão da ONU colocou sua equipe de restauradores à disposição do governo brasileiro para atuar na recuperação do patrimônio.
A agência lembra que Brasília está inscrita na lista de bens do Patrimônio Mundial da Unesco desde 1987. O reconhecimento engloba as características urbanísticas e arquitetônicas da Esplanada dos Ministérios e da Praça dos Três Poderes.
A diretora e representante da Unesco no país, Marlova Noleto, entrou em contato com a ministra da Cultura, Margareth Menezes, e colocou a agência à disposição para apoiar o trabalho de restauração. O processo já está sendo coordenado pelo órgão e pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Iphan.
O Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan) ainda está realizando levantamentos no Palácio do Planalto, no Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal, STF, para averiguar as obras de arte da cultura brasileira que foram danificadas.
Já se sabe que, além de diversas áreas desses edifícios, importantes itens do patrimônio sofreram danos, entre eles, a tela “Mulatas”, de Di Cavalcanti, o vitral “Araguaia”, de Marianne Peretti, e a escultura “A Justiça”, de Alfredo Ceschiatti.
O secretário-geral da ONU comentou sobre os ataques às sedes dos Três Poderes, na capital do Brasil, atribuídos a apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. António Guterres afirmou que os autores dos eventos do último domingo precisam enfrentar as consequências, de acordo com a lei.
O chefe da ONU disse estar “absolutamente convencido” que o Brasil irá lidar com a situação “com uma responsabilização adequada” e que o funcionamento democrático nacional irá seguir em frente.
O chefe do Escritório de Direitos Humanos da ONU, Volker Turk, condenou “com veemência” o “atentado ao coração da democracia brasileira”.
Ele afirmou que a violência do domingo foi o desdobramento final da distorção continuada dos fatos e da incitação à violência e ao ódio por parte de atores políticos, sociais e econômicos que têm fomentado uma atmosfera de desconfiança, divisão e destruição ao rejeitar o resultado de eleições democráticas
Turk lembrou que aceitar o resultado de eleições livres, justas e transparentes está no centro dos princípios democráticos fundamentais. O alto comissário adicionou que alegações infundadas de fraude eleitoral minam o direito à participação política.
Segundo o escritório de direitos humanos, pelo menos oito jornalistas foram agredidos ou tiveram seus equipamentos destruídos. Turk pediu às autoridades para que conduzam investigações rápidas, imparciais, eficazes e transparentes sobre a violência de domingo e responsabilizem os envolvidos.
O alto comissário afirmou que está pronto para apoiar o novo governo a tratar das questões de direitos humanos que o Brasil enfrenta.
Já o embaixador do Brasil na ONU, Ronaldo Costa Filho, declarou que o governo brasileiro repudia “com a maior veemência” a violência cometida contra os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário em Brasília.
Ele agradeceu as mensagens de apoio e solidariedade recebidas, inclusive do secretário-geral António Guterres.
Ronaldo Costa Filho afirmou que está confiante de que a força das instituições brasileiras permitirá superar os violentos e lamentáveis incidentes de ontem e avançar com a força das instituições democráticas.