A proclamação de Trump, pretendendo reconhecer a anexação do território sírio do Planalto do Golã, foi rejeitada, no dia 27, pela unanimidade dos 28 Estados que compõem a União Europeia.
No dia 28, o Conselho de Segurança da ONU condenou a declaração de Trump por 14 votos contra o voto inteiramente isolado dos Estados Unidos.
A decisão da União Europeia segue as que já haviam sido imediatamente formuladas pela França e Alemanha em rechaço ao desplante de Trump.
Segundo Federica Mogherini, que chefia as Relações Exteriores da UE, falando em nome dos 28 países, destaca que “a UE não reconhece a soberania de Israel sobre o Planalto do Golã ocupado”.
Vale ressaltar que até mesmo os países que Netanyahu andou cortejando recentemente, a exemplo da Hungria, Polônia, República Tcheca, Lituânia, Áustria e Romênia, na tentativa israelense de quebrar a unanimidade do bloco com respeito à defesa dos direitos humanos e nacionais dos palestinos, votaram pela rejeição da arrogância e visão colonialista manifestadas pela declaração de Washington.
A íntegra da declaração da UE é:
“A posição da União Europeia no que se refere ao status do Planalto do Golã não mudou. Em linha com a Lei Internacional e com as Resoluções do Conselho de Segurança da ONU, a União Europeia não reconhece a soberania de Israel sobre estes territórios ocupados”.
No mesmo sentido, Shadi Othman, porta-voz da União Europeia em Jerusalém, destacou que a posição do bloco se refere a todos os territórios árabes ocupados: “A EU, em acordo com a legislação internacional, não vai reconhecer nenhuma mudança nas fronteiras de antes de 1967 [antes da Guerra dos Seis Dias], diferente da que for acordada pelas partes. Portanto, a posição da UE com relação a Jerusalém se mantém. Isso se reflete na conclusão do Conselho de Assuntos Estrangeiros endossada por todos os seus 28 membros”.
A declaração, que foi assinada na Casa Branca, com Netanyahu no Salão Oval, uma escancarada boca de urna, para manter Bibi – encalacrado até o pescoço em quatro processos de corrupção mas, aliado indefectível de Trump – no poder, recebeu o repúdio de países mundo afora, inclusive ‘aliados’, tradicionais, a exemplo de Canadá, Austrália e Arábia Saudita.
Netanyahu chamou o apoio de Trump à afronta de Israel, em sua sanha de roubar terras árabes, de “justiça histórica” e “vitória diplomática”.
Porém, o presidente da Organização de Libertação da Palestina, Saeb Erekat, denunciou o anúncio de Trump e declarou que isso “vai desestabilizar ainda mais o Oriente Médio”.
Já a representação dos habitantes do Golã, sírios de maioria religiosa drusa, declarou que a proclamação de Trump é “uma declaração delirante feita por um homem delirante. A decisão não muda nada em termos do status do Golã de acordo com a Lei Internacional ou para os residentes drusos e teve a clara intenção de ajudar politicamente a Netanyahu”.
Israel bombardeou Alepo durante a reunião do Conselho de Segurança da ONU
No momento em que o debate se iniciava, no Conselho de Segurança da ONU, Israel, em uma afronta à ONU, bombardeou com mísseis a cidade síria de Alepo. “Acabamos de ter um ataque de Israel à cidade de Alepo. Houve dano material. A defesa aérea síria conseguiu interceptar alguns dos mísseis lançados”, denunciou o embaixador da Síria na ONU, Bashar Al Jaafari.