Unidade da Vale é vendida para árabes e americanos

Decisão "obriga o Brasil a buscar novos parceiros no mercado mundial", diz IBRAM. Mina de cobre e ouro da Vale no Pará. Foto: Divulgação

Reservas brasileiras de cobre, níquel, cobalto e lítio, usados em baterias de carros elétricos, estão na mira das multinacionais

A companhia Vale anunciou a venda de 13% da sua unidade de metais básicos, a Vale Base Metals Limited (VBM), por US$ 3,4 bilhões, ou R$ 16,1 bilhões, para a Manara Minerals (que reúne o Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita (FIP) e a mineradora saudita Ma’adene) e o fundo dos Estados Unidos, Engine No.1,.

A operação, confirmada na quinta-feira (27), considerada “uma das maiores operações de fusões e aquisições da indústria brasileira”, significa o avanço da desnacionalização no Brasil, com a entrega de metais estratégicos na transição energética, como cobre, níquel, cobalto e lítio, usados em baterias de carros elétricos, sendo que o cobre é utilizado em equipamentos para energia solar e eólica.

De acordo com a Vale, a Manara Minerals ficou com 10% da Vale Base Metals Limited (VBM), e que estes irão administrar a sua unidade produtora de cobre, níquel cobalto e lítio. Os outros 3% restantes foram comprados pela Engine No. 1, de um fundo da Califórnia (EUA).

O acordo está sujeito ainda às condições precedentes, incluindo a aprovação por autoridades regulatórias, e a Vale espera a conclusão do acordo até o 1º trimestre de 2024.

Com a disputa global por minerais essenciais para uma energia mais limpa, sendo acirrada geopoliticamente, tendo a China e os Estados Unidos como principais consumidores, a Vale Base Metals Limited (VBM) passou a ter um potencial maior que sua empresa mãe, centrada no ferro, já que o lítio, o níquel e os demais metais citados são o novo petróleo.  

O  Brasil tem a sétima posição em reservas mundiais de níquel distribuídos entre os Estados de Goiás, Pará, Piauí, Minas Gerais e São Paulo. A Vale tem a estimativa de expandir sua produção das atuais 175 mil toneladas por ano para mais de 300 mil toneladas anuais.

Atualmente, estima-se que 2,3% do lítio produzido do mundo vem do Brasil e a expectativa é que essa produção possa dobrar até 2026, aproximando-se de 5% do total do mundo. Segundo dados do Serviço Geológico do Brasil (SGB), as reservas deste metal  estão localizadas no Ceará, no eixo Rio Grande do Norte/Paraíba, no sul de Tocantins com o nordeste de Goiás, na Bahia e em Minas Gerais – no chamado médio Jequitinhonha, na região leste e São João del Rei.

O Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, com grande potencial de produção, está repleto de multinacionais. A empresa Sigma Lithium, empresa canadense, que opera desde abril na região apelidada como Vale do Lítio, anunciou ontem (27) o primeiro embarque do lítio produzido pela companhia nesta localidade para China.

Outras três multinacionais também estão se instalando no Vale: a norte-americana Atlas, a australiana Latin Resources e a canadense Lithium Ionic. Além disso, a empresa australiana Si6 Metals adquiriu 50% da Foxfire, uma empresa brasileira que comercializa áreas de mineração e detém ativos na região e em outros estados. A Rio Tinto e Vale também estão avaliando projetos na região.

Compartilhe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *