
“O genocídio que está ocorrendo atualmente é apoiado política e militarmente pelos Estados Unidos, é pago com o dinheiro dos nossos impostos”, destacou o graduando Logan Rozos, sob aplausos de estudantes e professores.
A Universidade de Nova Yorque (NYU) “condenou veementemente” e reteve o diploma do estudante Logan Rozos por denunciar o “genocídio na Palestina”, durante um discurso de formatura na quarta-feira (14).
“Enquanto busco em meu coração hoje ao me dirigir a todos vocês, os compromissos morais e políticos que me guiam me levam a condenar o ataque de Israel a Gaza, que matou pelo menos 53.000 palestinos no último ano e meio”, afirmou Rozos, arrancando aplausos da multidão de graduandos e entre os professores.
“O genocídio que está ocorrendo atualmente é apoiado política e militarmente pelos Estados Unidos, é pago com o dinheiro dos nossos impostos e tem sido transmitido ao vivo para nossos celulares nos últimos 18 meses”, frisou o graduando. Sendo este um momento de reflexão, acrescentou, “não desejo falar apenas sobre minha própria visão hoje, mas sim em nome de todas as pessoas de consciência e de todas as pessoas que sentem o dano moral desta atrocidade”.
A temporada de formaturas nos campi dos Estados Unidos ocorre em meio à repressão contínua da administração Trump contra estudantes que participam de manifestações.
CENSOR DIZ QUE GRADUANDO “VIOLOU REGRAS” AO CRITICAR MORTICÍNIO
“Ele mentiu sobre o discurso que faria e violou o compromisso que assumiu de respeitar nossas regras. A Universidade está retendo seu diploma enquanto tomamos medidas disciplinares”, anunciou o porta-voz da NYU, John Beckman, para quem o morticínio não pode ser questionado. O censor expressou que a instituição “lamenta profundamente que o público tenha sido submetido a esses comentários e que esse momento haja sido roubado por alguém que abusou de um privilégio que lhe foi conferido”.
Explicitando a que ponto chega a censura na administração Trump, já na noite de quinta-feira (15) a biografia estudantil de Rozos não estava mais no site da instituição.
O estudante se formou em Crítica Cultural e Economia Política e foi membro da Trupe de Teatro Gallatin, sendo selecionado pelos colegas para fazer o discurso de formatura do programa.
Um grupo sionista reconheceu estar fornecendo ao governo dos EUA uma lista de jovens que se pronunciam contra a carnificina em Gaza, enfatizando que devem ser deportados com o máximo de urgência.
A gangue fascista – autointitulada de Liga “Antidifamação” – agradeceu à NYU “por sua forte condenação e busca de ação disciplinar”, descrevendo a postura do estudante como “comentários divisivos e falsos sobre a atual guerra Israel/Hamas”.
O Conselho de Relações Islâmico-Americanas parabenizou o “discurso de formatura pró-palestino e anti-genocídio” e defendeu que a NYU libere o diploma do orador. As ações disciplinares em curso contra os que participam de protestos pró-palestinos, assinalou o conselho, são uma “traição às liberdades americanas e ao povo americano”.
Universidades de todo o país têm enfrentado uma enorme pressão para reprimir o discurso contra o genocídio em Gaza ou correr o risco de cortes de financiamento pelo governo, que equiparou as críticas a Israel a “antissemitismo”. Mas a NYU, onde estuda Barron, filho de Trump, até agora não foi alvo da ira do presidente.
Com bilhões de dólares em jogo, os riscos para as universidades são ainda maiores este ano, alertaram os professores. “Eles estão fazendo tudo o que podem para suprimir discursos que vão contra o que a atual administração em Washington defende”, apontou Andrew Ross, professor de análise social e cultural na NYU.
No ano passado, estudantes e professores foram presos na NYU durante protestos realizados que se espraiaram pelas escolas e universidades em todo o país. A instituição abriu mais de 180 processos disciplinares contra ativistas que participaram contra a política de terrorismo de Estado de Israel.