Professores, funcionários e estudantes das Universidades estaduais paulistas, ou seja, USP, UNESP, UNICAMP e Centro Paula Souza (Ceeteps), paralisaram suas atividades e fizeram uma manifestação contra o corte de direitos e sucateamento das Universidades, na última quinta-feira (17).
O ato aconteceu em frente ao Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp), durante uma reunião de negociação entre as categorias paralisadas e as reitorias. Do lado de fora, centenas de pessoas ocupam as ruas e puxam palavras de ordem reivindicando reajuste salarial para os professores e funcionários, mais contratações e aumento da verba dos Hospitais Universitários.
As Universidades estaduais têm sua verba ditada pelo Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviço (ICMS). Portanto, desde o início da crise econômica no Brasil, seu repasse diminuiu vertiginosamente, motivo no qual os reitores falam que é impossível manter o salário dos professores reajustados de acordo com a inflação. Porém, o ICMS subiu desde o início de 2018 – o que não significa que a crise acabou -, mas os reitores propuseram, inicialmente 0% de reajuste.
Durante a reunião, os reitores subiram a proposta para 1,5%, mas isso continua longe da reivindicação dos professores e funcionários. Inclusive, não cobre nem mesmo a inflação referente ao último ano. De acordo com os cálculos da Associação de Docentes da USP (Adusp), a perda salarial de um Professor Doutor em RDIDP da USP ou UNICAMP foi de R$ 24.758,92 acumulados desde maio de 2015. No caso dos professores da UNESP, onde o reajuste de 3% aprovado no Cruesp em 2016 não foi concedido, a perda atinge R$ 33.326,48 acumulados.
A proposta do fórum foi recebida com vaias dos manifestantes. “Nós viemos aqui para exigir dos reitores que parem com o processo de destruição das universidades e do Centro Paula Souza. Temos um arrocho salarial sem precedentes!”, disse o professor João Chaves, presidente da Associação de Docentes da Unesp e coordenador do Fórum das Seis.
Na manhã do mesmo dia, houve na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) uma audiência pública para discutir a situação do Hospital Universitário (HU) da USP. Apesar de ser o mais importante da zona oeste paulistana e de cumprir papel fundamental na formação de estudantes da área da saúde da Universidade, o hospital sofre com falta de verba, funcionários e infraestrutura. Houve uma transferência de R$ 48 milhões suplementares do Estado para a USP, para que fossem feitas contratações de funcionários, mas o atual reitor, Vahan Agopyan, pretende dar outro fim ao dinheiro.
As categorias avaliam até mesmo iniciar uma greve para a manutenção dos salários e do HU. Os estudantes farão uma assembleia na próxima quinta-feira (24).