Urnas da Catalunha impõem derrota à política de Rajoy

A poucos dias da eleição na Catalunha pesquisas acusavam derrota para o bloco pró-independência, que obteve ao final vitória por pequena margem.

Nas eleições realizadas na Catalunha na quinta-feira (21) o premiê espanhol Mariano Rajoy foi o principal derrotado com sua política de submeter a Espanha aos ditames e à especulação patrocinada pela banca internacional. A violência estúpida do “prende e arrebenta” contra a parte da população que apoiou os independentistas, também jogou contra o partido de Rajoy [HP Ed.3.576, de 4 e 5 de outubro]. O bloco separatista obteve 51,85% do Parlamento e entre o eleitorado que não quer a separação, o partido mais votado isoladamente foi o Ciudadanos, que, mesmo sem defender a separação, não se alinha com a política econômica de Rajoy. Eles obtiveram 37 cadeiras. O Partido Popular, de Rajoy, foi o lanterninha da disputa.

O chefe do governo espanhol é responsável pelo fortalecimento político do separatismo como resposta à sua política neoliberal e de submissão aos caprichos da Troika (FMI, Banco Central Europeu e Comissão Europeia) que arrocha os salários e as aposentadorias, corta direitos sociais e impede o crescimento econômico. Além disso, a resposta de Rajoy ao separatismo foi e continua sendo um desastre, algo parecido com tentar apagar incêndio jogando gasolina. Assim, resposta das urnas contra o PP de Rajoy foi clara e determinada ao mantê-lo na mais completa irrelevância.

O constitucionalista Partido Ciudadanos – contrário à independência da Catalunha – foi a força mais votada individualmente, com 37 deputados e 25,35% dos votos.

Porém, o bloco separatista assegurou a maioria absoluta no Parlamento com a formação liderada pelo ex-presidente catalão, Carles Puigdemont, que está no exílio na Bélgica, e conquistou 21,77% dos votos, o que lhe garante 34 assentos no Parlamento; a Esquerda Republicada, 32 e a Candidatura de Unidade Popular, 4 cadeiras. No total o bloco obteve 70 dos 135 lugares do parlamento.

A eleição foi convocada no final de outubro, depois que o governo espanhol dissolveu o Parlamento catalão por participar de um referendo de independência considerado ilegal e perseguiu e prendeu suas lideranças.

A líder do Ciudadanos, Inés Arrimadas, condenou o que disse ser uma “lei eleitoral injusta”, que “dá mais lugares a quem tem menos votos” na rua, prometendo lutar contra essa legislação. A eleição mantém o enfrentamento entre o povo catalão.

Até recentemente, cerca da metade da população catalã era favorável à independência, como visto na eleição de 2017, em que as forças políticas a favor da separação conquistaram 47% dos votos, e a outra metade ainda preferia continuar em comunidade com os demais povos da Espanha. Para a Espanha que é um país multinacional, com diferentes povos e idiomas, como o catalão, o basco e o galego, o direito à autodeterminação acaba sendo o preceito mais essencial para garantir uma adesão voluntária e mutuamente proveitosa.

Com a União Europeia transformada num apêndice dos EUA e sob o tacão de Berlim, a balcanização da Espanha dificilmente trará avanços na luta pelo progresso e pela soberania de seus povos. Mas também é evidente que a podre e corrupta monarquia espanhola é cada vez mais uma casca vazia. Os países europeus que se dividiram em estados menores, ao final acabaram fragilizados econômica, política e socialmente, e mais dependentes de Berlim e Washington, como aconteceu na Iugoslávia e Checoeslováquia.

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