O governo do Uruguai negou, dia 3, asilo político ao ex-presidente do Peru, Alan Garcia e exigiu que ele deixe a embaixada em Lima imediatamente. Garcia é acusado de receber suborno da Odebrecht em troca do contrato para a construção de linha de metrô em Lima quando governava o país.
A declaração uruguaia foi conjunta, reunindo o presidente, Tabaré Vázquez, e o chanceler, Rodolfo Nin Novoa.
“Ente outras causas, não se concedeu asilo porque no Peru os três poderes de Estado funcionam livremente, o que inclui o Judiciário, que leva adiante investigações de eventuais delitos econômicos do ex-presidente do Peru”, afirmou em coletiva o presidente do Uruguai.
O ministro do Exterior do Uruguai, Nin Novoa. Informou de que o embaixador do Uruguai no Peru já foi instruído a convidar Garcia a retirar-se da representação diplomática uruguaia.
O presidente Vázquez acrescentou que “o ex-presidente deve retirar-se de imediato por seus próprios meios da embaixada. Da mesma maneira em que chegou, deve sair”.
Alan García entrou na embaixada do Uruguai em 17 de novembro e pediu asilo dizendo que se considera um “perseguido” em seu país.
No mesmo dia 3, o embaixador uruguaio em Lima informou ao ministro do Exterior peruano, Néstor Popolizio, de que Garcia se retirou de sua residência, onde funciona a embaixada.
García é suspeito de receber propina da Odebrecht em troca de contratos para obras governamentais.
A Promotoria peruana observa que considera prova de corrupção pagamento de suborno disfarçado de honorários por conferência (de forma similar aos repasses ao ex-presidente Lula) e que isso poderia ser “a ponta do iceberg. ”
A farta distribuição de propina realizada pela Odebrecht no Peru não se restringe a Alan Garcia, os ex-presidentes Alejandro Toledo (foragido), Ollanta Humala e Pedro Pablo Kuczynski, estão proibidos de deixar o país, além das ex-candidata a presidente, Keiko Fujimori, está em prisão provisória há 20 dias.
A Odebrecht já admitiu ter pago propina em escândalos envolvendo obras arranjadas em 10 países, além do Brasil. Foram confessadas transações corruptas nos seguintes países: Angola, Argentina, Colômbia, República Dominicana, Equador, Guatemala, México, Moçambique, Panamá, Peru e Venezuela. Só no Peru a empreiteira admitiu o pagamento de US$ 29 milhões, de forma a participar de mais de 40 projetos peruanos envolvendo US$ 12 bilhões em gastos públicos.