Diretores do Instituto Gamaleya de Epidemiologia e Microbiologia e do Fundo de Investimentos Diretos da Rússia divulgaram durante coletiva com 300 jornalistas de todo o mundo, na quinta-feira (20), que, com a aprovação do governo de Vladimir Putin, começarão nos próximos dias os testes da vacina Sputnik V em 40 mil pessoas.
Explicaram que grupos mais vulneráveis, como profissionais de saúde atuando na linha de frente, serão já vacinados paralelamente.
Com teste randomizado e controlado, o procedimento deve ser acompanhado de perto pelo Ministério da Saúde russo.
Relataram que o Fundo de Investimentos Diretos da Rússia acompanhou 35 variantes de vacinas que estavam sendo desenvolvidas, porém a elaborada pelos cientistas do Instituto Gamaleya resultou a mais avançada. Os cientistas explicaram que conseguiram chegar tão rapidamente a uma vacina porque já estavam trabalhando em outro imunizante semelhante, a vacina contra a Mers – síndrome respiratória causada também por um coronavírus. Segundo eles, a vacina já havia chegado na fase 2, revelando segurança e resposta imune.
Declararam que também já tinham desenvolvido, em 2014, a partir da mesma metodologia, uma vacina contra o ebola, que foi testada, em fase três, em mais de duas mil pessoas.
Alexander Gintsburg, diretor do Instituto Gamaleya onde a vacina Sputnik V foi desenvolvida, assinalou que, diferentemente das demais vacinas que estão em testes e devem chegar em breve ao mercado, o imunizante russo tem dois invólucros: ad26 e ad5. Outro ponto que a diferencia é a forma com que o gene é transportado no corpo humano, mostrando eficácia maior que as demais.
Denis Logunov, vice-diretor científico do Instituto disse que a vacina russa foi testada em vários animais, como coelhos, ratos e dois tipos de macacos, sem apresentar nenhum efeito colateral. Posteriormente, informou, foi testada também em centenas de voluntários humanos, com idades de 18 a 60 anos.
“Os voluntários estão produzindo anticorpos, seus organismos reagiram bem e todos apresentaram uma boa resposta imune”, garantiu Logunov.
A tecnologia usada é de uso de dois tipos de adenovírus humanos (que não causam nenhuma doença) que servem como vetores para levar para dentro do organismo fragmentos genéticos de uma proteína da coroa do Sars-Cov2. A vacina é administrada em duas doses, com intervalo de 21 dias. A proteção deve durar dois anos e deverão ser vacinadas tanto pessoas que não contraíram o coronavírus quanto aquelas que já contraíram a doença.
“Com todos esses dados e baseados no fato de que a plataforma de adenovírus já foi usada antes em 20 mil pessoas, conseguimos o registro da nossa vacina, que nos permite produzir a vacina para os grupos de risco, pessoas que têm maior risco de serem afetadas pelo vírus”, explicou Logunov. “Mas somos obrigados a fazer mais ensaios clínicos, já acordamos um protocolo de 40 mil pessoas, para checar o grau de eficácia da vacina. Teremos, então, o registro definitivo, e poderemos começar a produção em massa.”
A expectativa é de que a produção e imunização em massa aconteça a partir de outubro.