É o terceiro maior lucro da história. O primeiro maior lucro anual também ficou com a Vale privatizada: R$ 121,3 bilhões em 2021
Em 2022, a Vale registrou um líquido contábil de R$ 95,9 bilhões, segundo informações divulgadas pela companhia na última quinta-feira (16). É o terceiro maior lucro da história entre as empresas listadas na Bolsa de Valores. Em 2021, a mineradora havia assentado R$ 121,228 bilhões de lucro, o maior lucro anual da história. Em segundo lugar, naquele ano, estava a Petrobrás com R$ 106,6 bilhões de lucro.
No quarto trimestre de 2022, a Vale informou que registrou um lucro líquido de US$ 3,724 bilhões (dólares), o que representaria uma queda de 30,4% frente ao mesmo período de 2021, quando atingiu um ganho de US$ 5,352 bilhões.
Há três semanas, completou-se quatro anos da tragédia em Brumadinho (MG), quando a barragem da Mina de Córrego do Feijão, da Vale, rompeu no dia 25 de janeiro de 2019.
Na tragédia-crime, foram ceifadas as vidas de 270 pessoas, três corpos ainda não foram encontrados, milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração foram despejados na bacia do Rio Paraopeba em Minas Gerais – deixando sua água inutilizada e a pesca proibida -, mas até agora ninguém foi punido por estes crimes.
As investigações concluíram que a realização de perfurações verticais foi o gatilho para a liquefação que provocou o rompimento da estrutura, que já estava frágil. A consultora Tüv Süd, que tinha conhecimento dos problemas da barragem, emitiu Declarações de Condição de Estabilidade, que permitiram que a estrutura continuasse funcionando mesmo com fator de segurança abaixo do recomendado por padrões internacionais. A mineradora sabia da situação e apresentou os documentos às autoridades.
No dia 23 de janeiro, dois dias antes do trágico aniversário do rompimento da barragem completar quatro anos e de parte dos crimes ambientais prescreverem, a Justiça Federal aceitou a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) contra 16 pessoas e as empresas Vale e Tüv Süd pelo rompimento da barragem. As 16 pessoas, entre estas, o ex-diretor-presidente da Vale, Fábio Schvartsman, foram denunciadas por homicídio qualificado (270 vezes), crimes contra a fauna, contra a flora e crime de poluição.
Pelo ordenamento jurídico brasileiro atual, as empresas não são rés por homicídio, por ter caráter de pessoa jurídica. No entanto, as empresas Vale e Tüv Süd foram denunciadas pelos crimes contra a fauna, contra a flora e crime de poluição.