Valieva supera sabotagem e vence 1º turno da prova de patinação feminina em Pequim

Mesmo vencedora, Valieva não participará da cerimônia de entrega da medalha de ouro (Olympics)

Ouro da modalidade patinação artística individual feminina será disputado na segunda prova a se realizar nesta quinta-feira às 7:00. A atleta russa, Kamila Valieva é a favorita. Para especialistas, hostilidade contra a patinadora está relacionada à russofobia orquestrada por Washington

Os aplausos e exclamações tomaram conta do Estádio Indoor de Pequim onde se apresentou a patinadora russa Kamila Valieva, que acabara de superar uma solerte tentativa de impedi-la de participar das Olimpíadas de Inverno de 2022, usando uma manobra envolvendo acusação de doping.

Valieva obteve a maior pontuação entre todas as 30 concorrentes da prova curta (primeira prova e classificatória para a segunda, patinação livre longa, na qual se decidirá os medalhistas da modalidade patinação livre feminina).

A tentativa de impedir a participação da maior estrela da patinação desta geração, que atinge o auge aos 15 anos de idade partiu da Agência Mundial Anti-Doping (WADA) que atuou de forma nitidamente sabotadora, manobra que foi rejeitada pela Corte de Arbitragem do Esporte (CAS) em decisão do dia 14, permitindo que a atleta russa siga na competição.

A acusação da WADA tem por base uma análise de um laboratório seu em Estocolmo que informa haver localizado resíduos da substância trimetazidine que é usada para problemas cardíacos e tem seu uso proibido para atletas em competições oficiais.

Acontece que o laboratório levou 45 dias para apresentar o resultado da amostra da atleta, quando o tempo normal requerido, ainda mais em se tratando de uma atleta com a competição global se aproximando, é de duas semanas.

Tanto assim que o resultado que causou estardalhaço no mundo dos esportes chegou ao conhecimento público um dia depois de Valieva ter ajudado a Rússia a conquistar ouro na competição por equipes e dias antes da prova mais aguardada nas Olimpíadas de Inverno.

O tempo para a defesa de Valieva – que já tinha feito testes se mostrando limpa – ficou muito curto. Inclusive ainda não chegou ao conhecimento dos dirigentes dos esportes olímpicos o teste B, a contraprova.

É de se imaginar o esforço de superação da jovem ao prestar depoimento e, depois, ao entrar no ringue de patinação no gelo.

A defesa apresentou o depoimento do avô de Valieva informando que toma a medicação e acrescentou que a substância pode perfeitamente ser ingerida em pequena quantidade em um copo de água recém usado por seu avô que, aliás, a acompanha em muitos treinamentos.

O juiz levou em consideração estas informações e ainda o fato de Valieva ser uma menor para permitir que ela siga na competição: “Caso seja confirmado o doping, pode-se retirar a medalha, prejuízo irreparavelmente maior seria impedir que ela participe”.

A decisão do CAS denuncia o “atraso imposto sobre a habilidade da atleta de estabelecer requerimentos legais em seu benefício, enquanto que esta notificação tardia não é sua culpa, principalmente quando ocorre no meio dos Jogos Olímpicos de Pequim de 2022”.

A evidência de sabotagem intencional cresce ainda mais diante da declaração hostil do presidente da WADA, Witold Banka, no dia 14, antes do julgamento da situação de Valieva pelo CAS e antes do resultado da contraprova, de que “o governo russo deveria reconsiderar a cultura de doping do país”

Na tentativa de pressionar a Corte, Banka, seguiu sua peroração: “Dopar crianças é mau e imperdoável, e os médicos, técnicos e outro pessoal de apoio contra os quais tenha-se encontrado que forneceram drogas para fortalecer performance devem ser banidos por toda a vida e pessoalmente, também penso que deveriam estar na prisão”.

Para completar, o Comitê Olímpico Internacional declarou que, se Valieva vencer, não receberá a medalha de ouro, nem haverá a tradicional cerimônia com as três melhores no pódio.

Diversos especialistas saíram em defesa de Valieva e condenaram o suspeito atraso do laboratório de Estocolmo.

Rick Sterling, escritor e jornalista especializado em problemas ligados a doping e Jogos Olímpicos, denuncia que “alguns analistas acreditam que as acusações contra a Rússia e atletas russos fazem parte da campanha de guerra híbrida do Ocidente contra a Rússia”.

Há também o jornalista de esportes Ben Miller (Daily Mail e Culture24) em matéria para o portal RT que denuncia a sabotagem referindo-se ao “boicote diplomático” antes anunciado pelos Estados Unidos: “Em jogos já marcados pela politização, Valieva foi a inconscientemente sujeita a um despejar de hostilidade que se pode sentir como baseado em sua nacionalidade e não por um desejo de manutenção da proporcionalidade e justiça no esporte”.  

O ex-campeã russa de patinação, Tatiana Navka, disse que chorou de emoção ao ver a firmeza de Valieva “ao depor durante horas ainda sem saber se a Corte de Arbitragem dos Esportes terminaria sua estreia na competição individual ainda antes de começar”.

O presidente do Partido Comunista da Federação Russa desejou sucesso a Valieva e denunciou: “Hoje, a Rússia, e de fato o mundo inteiro, estão assistindo tensos e com raiva a uma sem-vergonhice com relação à patinação artística feminina”.

Para Zyuganov, os Estados Unidos, “guiados pela eterna russofobia, procura infligir represálias à jovem e genial patinadora artística Kamila Valieva. Usando a fachada da agência antidoping WADA, que há muito é “famosa” pela repressão contra atletas russos, faz contra ela acusações absurdas de doping. Este é um verdadeiro terror moral destinado a desequilibrar nossos atletas”.

Sobre a capacidade da atleta, prossegue Zyuganov: “Kamila Valieva é a personificação da graça e arte, plasticidade e atletismo. Ela demonstra um excelente desempenho no gelo. Na atuação de Camila, o esporte no nível das capacidades humanas transforma-se em arte! Com nenhum doping pode se alcançar um domínio tão perfeito”.

“Como é impossível derrotar esse talento único em uma luta justa, os truques covardes de mentiras e desinformação preferidos pelo Ocidente são usados. Recordemos, por exemplo, as mentiras sobre a presença de armas de destruição em massa no Iraque. Na época, o motivo da invasão do Iraque pelos Estados Unidos e seus aliados foi um certo tubo de ensaio com pó branco. Na verdade, todas as “evidências” acabaram sendo vazias. A extrema pressão moral a que Camila é submetida é da mesma série”, enfatiza.

Ele conclui desejando força e sucesso a Valieva: “Amanhã, 17 de fevereiro, acontecerá um programa livre na patinação artística feminina. Desejo força e paciência à comissão técnica de Eteri Tutberidze, para encontrar as palavras certas para cada uma das nossas três atletas mais talentosas. Desejo a Kamila Valieva, Anya Shcherbakova e Sasha Trusova vontade de ferro e nervos fortes. Todo o resto vocês têm. Vocês já são nossas campeãs olímpicas!”

Veja o vídeo com a participação de Kamila Valieva na primeia prova ao som de “In Memorian” de Kirill Richter:

Compartilhe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *