
Ministro do desastre humilha a população que já está cozinhando com fogão à lenha, por causa dos preços do gás, agora, ele quer que ela fique também no escuro
O ministro do desastre econômico, Paulo Guedes, afirmou nesta quinta-feira (26), em audiência pública no Senado, que a taxa extra na conta de luz, cobrada por meio das bandeiras tarifárias, deverá aumentar novamente. Ele acha normal que a população seja esfolada na conta de luz e ainda disse que “não adianta ficar chorando”.
O novo aumento na bandeira tarifária é o segundo em dois meses. Ela já foi reajustada, em junho deste ano. “Temos de enfrentar a crise. Vamos ter de subir a bandeira, a bandeira vai subir”, disse Guedes. Sem investir nada e apenas interessado em vender as empresas de energia do país, o chicago-boy ainda quer espremer a arrecadação dos estados e municípios propondo isenção de ICMS para as operadoras privadas.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou em junho aumentos nos valores das bandeiras tarifárias amarela e vermelha, nos patamares 1 e 2 em até 50%. Os novos valores de acréscimo nas contas de luz passaram a valer a partir de 1º de junho. O maior percentual de reajuste ocorreu na bandeira amarela, que passou de R$ 1 a R$ 1,50 para cada 100 quilowatts-hora (kWh) – uma alta de 50%. O patamar da bandeira vermelha 1 passou de R$ 3 para R$ 4 a cada 100 kWh, alta de 33,3%, e o patamar 2 da bandeira vermelha passou de R$ 5 para R$ 6 por 100 kWh consumidos, alta de 20%.
O custo da energia elétrica pressiona há meses a inflação e pesa cada vez mais no bolso dos brasileiros. Em plena pandemia, o preço da conta de luz residencial já subiu, em média, 7,15% desde o início do ano – um impacto dos regimes especiais de tarifa e dos reajustes das distribuidoras autorizadas pelo governo a cobrarem mais da população.
A previsão da Aneel é que no ano que vem o aumento médio da conta de luz alcance 16,68%, numa clara indicação de que a carestia não dará trégua. Isso porque, além do aumento absurdo neste ano, a população deverá ser cobrada por revisões acumuladas no período da pandemia. Em alguns Estados, as tarifas de energia ainda não foram corrigidas neste ano, mas serão. Estimativas apontam que o reajuste das tarifas residenciais fechará o ano em 9,7%
Seu único interesse é beneficiar as multinacionais. As elevações das taxas de energia, junto com o atrelamento da gasolina ao dólar, também para beneficiar acionistas estrangeiros da Petrobrás e importadores, têm puxado a inflação para cima e, junto com o desemprego, trazido a fome novamente para as famílias brasileiras. As pessoas já estão cozinhando com fogão à lenha e, agora, pelo jeito, o fogo da lenha servirá também para iluminar a casa.
Guedes acusa governadores por causa da cobrança do ICMS, mas quem está faturando alto com a incompetência do Planalto e a irresponsabilidade dos entreguistas que comandam o governo Bolsonaro são os donos da termoelétricas, que estão se aproveitando de crise hídrica e da falta de investimentos do governo em outras fontes de energia para vender o megawat/hora (MWh) por três, quatro vezes o valor da mesma unidade cobrado pela hidrelétricas.
O governo põe a culpa de sua incompetência gerencial nas chuvas. As usinas termoelétricas – mais caras e poluentes – estão sendo acionadas o tempo todo para garantir o fornecimento de energia. Por isso, houve aumento no custo da geração de energia, e o valor é repassado aos consumidores. E quem está pagando por essa incompetência toda é a população brasileira.
Especialistas desmentem o governo sobre a suposta culpa de São Pedro. “Grupos privados monopolizam os ganhos, em detrimento do país. O modelo energético poderia ser uma plataforma através da qual dinamizaríamos a economia e resolveríamos as nossas mazelas sociais. A privatização da Eletrobrás vai piorar ainda mais a situação”, advertiu o professor Ildo Sauer, ex-diretor da Petrobrás e pesquisador do Instituto de Energia da USP.
Segundo o professor Sauer, o setor elétrico brasileiro vive uma crise desde os anos 1990, quando foram feitas reformas no governo Fernando Henrique Cardoso, depois agravadas nos governos petistas. “A crise que vivemos permanentemente no setor elétrico não é uma crise de falta de recursos humanos ou de recursos naturais – temos potencial eólico, solar, fotovoltaico e hidráulico remanescente para suprir mais do que três vezes a demanda de energia prevista”.
“O Brasil tem um potencial gigantesco de produção de energia eólica e solar que, apesar de ter avançado, avançou muito menos do que devia. E também as hidrelétricas. Elas poderiam ter uma maior capacidade de armazenamento de água. Eles fizeram só hidrelétricas chamada de fio d´água”, afirmou também Paulo Cesar Ribeiro Lima, engenheiro e ex-consultor legislativo do Senado Federal.
“Então” prosseguiu o engenheiro, “com esse problema de falta de planejamento, de falta de priorização de fontes mais sustentáveis e até mais baratas, o quadro é esse”. “E as tarifas estão altas por quê? Porque as térmicas estão sendo acionadas, e têm que ser acionadas mesmo. As térmicas no Brasil são muito problemáticas, o gás natural que aciona as térmicas é muito caro, o óleo combustível, o diesel”, explicou.
“A situação só não é muito mais grave por que? Porque o país não cresce, nós não temos demanda de energia. Isto acontece porque o país está sem crescer há dez anos, porque o PIB não cresce”, afirmou. “E realmente hoje isso é um gargalo para o crescimento do PIB. Esse é o problema, o Brasil é um país que não sabe aproveitar os recursos que tem”, observou Ribeiro Lima.
Já prenunciando a volta do apagão, o governo anunciou na terça-feira (24) o início do racionamento de energia. Ficou determinado que os órgãos públicos federais deverão reduzir o consumo de energia de 10% a 20% entre setembro de 2021 e abril de 2022. Além disso, o governo começou a prometer descontos para quem reduzir consumo de energia elétrica. Com os preços proibitivos, o governo já está obrigando boa parte da população a viver na escuridão.