Em entrevista ao HP, o presidente da Fenapef, Luís Antônio de Araújo Boudens, afirmou que “não está descartada uma nova onda de manifestações da categoria para barrá-la”
Em entrevista a Hora do Povo, nesta segunda-feira (10), o presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Luís Antônio de Araújo Boudens, declarou que os servidores irão derrubar a medida provisória que adia o reajuste dos servidores públicos federais do próximo ano para 2020.
“Nós vamos entrar com as medidas judiciais cabíveis para garantir esse reajuste, até por que essa matéria já foi analisada pelo STF, no ano passado, e o ministro Ricardo Lewandowski deu ganho de causa aos servidores públicos. Não tem porque haver protelação deste percentual, o acordo veio depois de 9 anos sem qualquer reajuste, de perdas salariais enormes acumuladas, muitas negociações a duras penas. Nós estamos reorganizando a União dos Policiais do Brasil (UPB) para unirmos todas as forças da segurança pública do país contra essa medida provisória. Não está descartada uma nova onda de manifestações da categoria para barrá-la”, afirmou Boudens.
Os Policiais federais receberam com indignação a publicação da Medida Provisória 849/2018, que adia o pagamento de reajustes do serviço público para 2020. Os reajustes fazem parte de um acordo firmado entre governo e os servidores federais em 2015, que deveriam ser pagos no ano de 2016 e 2019, entretanto, Temer, que havia anunciado no dia 29/8 que não adiaria a última parcela da reposição salarial dos servidores, mudou de ideia e publicou a medida, que agora passará por aprovação na Câmara e no Senado. O reajuste previsto no acordo para os policiais federais, rodoviários e policiais civis ex-territórios é de 4,75%.
Em nota publicada em seu site, a Fenapef criticou a manobra do Palácio do Planalto para não cumprir com o acordo. “O encaminhamento da MP pelo Executivo caracteriza total incapacidade do governo atual de gerenciar o Brasil e de manter compromissos firmados com os brasileiros. O governo opta por continuar sacrificando os servidores públicos, inclusive aqueles que atuam em áreas essenciais e sensíveis à população, especialmente em períodos de crise e instabilidade institucional, como é o caso das polícias Federal e Rodoviária Federal”.
O presidente da Fenapef explicou que a “vida dos policiais federais não é fácil”, pois a categoria não ganha hora extra, não tem fundo de garantia, não tem auxilio moradia e nem auxílio paletó, e os policiais federais não podem exercer outras atividades de trabalho para aumentar sua renda, pois “a lei não nos permite fazer outra coisa a não ser sermos policiais”, frisou o agente da PF.
Antônio Boudens lembrou ainda que os policiais federais sofrem ameaça permanente sobre a aposentadoria. “A única diferença que nós temos é a aposentadoria aos 30 anos por conta da nossa atividade de risco, e até isto nós estamos sendo atacados por conta da nossa exposição e na intensidade de nossos trabalhos”, disse Boudens, destacando o bom papel que a Policia Federal tem cumprido no combate a corrupção e demais atividades realizadas nos últimos anos.
ANTONIO ROSA