“Vamos ficar quietos assistindo a isso ou vamos participar e colocar nosso ponto de vista?”, questionou o ex-presidente do Santander e da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Fábio Barbosa, em entrevista ao Estadão, ao falar sobre o manifesto assinado por mais de 260 empresários, economistas, intelectuais e lideranças políticas e religiosas em defesa da democracia e do sistema eleitoral, que vem sendo atacado sistematicamente pelo presidente Bolsonaro.
“Muitos setores têm se manifestado. A gente entendeu que esse mundo empresarial não havia se manifestado. Nosso ponto de vista é que o sistema é confiável e não há razão para duvidar da legitimidade das eleições que aconteceram”, disse o banqueiro e empresário.
O manifesto, intitulado “Eleições serão respeitadas”, que em um de seus trechos afirma que “a sociedade brasileira é garantidora da Constituição e não aceitará aventuras autoritárias”, já tem mais de 6 mil assinaturas.
Segundo Barbosa, “(o manifesto) tem um impacto por ser uma manifestação de empresários que normalmente não se manifestam e evitam entrar em discussões políticas”.
Sobre os desdobramentos do manifesto, Fábio Barbosa disse que o grupo de empresários que liderou o movimento, inicialmente 30 pessoas ligadas ao Centro de Debate de Políticas Públicas (CDPP), vai esperar para ver como as coisas vão caminhar.
“O Congresso está definindo agora se vai votar. O Brasil tem uma série de problemas e a Justiça Eleitoral não é um deles”, disse.
O manifesto foi lançado no mesmo dia em que, após Bolsonaro ser incluído a pedido do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em inquérito que investiga crimes de incitamento a golpe de Estado, ataques às instituições da República e ameaças às eleições democráticas, voltou a ameaçar as eleições e o país, afirmando que iria atuar “fora das 4 linhas da Constituição”.
Além de Fábio Barbosa, o manifesto foi assinado por Luiza Trajano, do Magazine Luiza, Pedro Moreira Salles e Roberto Setubal, do Banco Itaú Unibanco, Pedro Passos e Guilherme Leal, da Natura, Oskar Metsavaht, da Osklen e Luis Stuhlberger. Economistas como Armínio Fraga, Pedro Malan, Ilan Goldfajn, Persio Arida, André Lara Resende, Elena Landau, Alexandre Schwartsman e Maria Cristina Pinotti também assinam o documento.
O manifesto ainda é assinado pelo cardeal Dom Odílio Scherer, arcebispo de São Paulo, o rabino da Congregação Israelita Paulista, Michel Schlesinger, e a Monja Cohen. O integrante da Academia Brasileira de Letras, Candido Mendes de Almeida, o documentarista João Moreira Salles, o empresário e coordenador da Rede Nossa São Paulo Oded Grajew, os médicos Drauzio Varella e Margareth Dalcolmo e o jurista Joaquim Falcão também assinam o manifesto.
Íntegra do manifesto:
“O Brasil enfrenta uma crise sanitária, social e econômica de grandes proporções. Milhares de brasileiros perderam suas vidas para a pandemia e milhões perderam seus empregos.
Apesar do momento difícil, acreditamos no Brasil. Nossos mais de 200 milhões de habitantes têm sonhos, aspirações e capacidades para transformar nossa sociedade e construir um futuro mais próspero e justo.
Esse futuro só será possível com base na estabilidade democrática. O princípio chave de uma democracia saudável é a realização de eleições e a aceitação de seus resultados por todos os envolvidos. A Justiça Eleitoral brasileira é uma das mais modernas e respeitadas do mundo. Confiamos nela e no atual sistema de votação eletrônico. A sociedade brasileira é garantidora da Constituição e não aceitará aventuras autoritárias.
O Brasil terá eleições e seus resultados serão respeitados”.
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Os democratas seja ele de centro esquerda ou direita não podem ficar em cima do muro, enquanto o espantalho arruaceiro e mentiroso ameaça as pessoas e instituições que não sejamos omissos e covardes vamos combater via Constituição esse desgoverno neofascista. Acorda Brasil. A verdade acima de tudo e a Constituição acima de todos.