Luciana Santos (PCdoB), vice-governadora de Pernambuco, declarou que será prioridade reajustar as bolsas de pesquisa congeladas há 9 anos. Ela diz que seu objetivo será “restaurar a pujança do sistema nacional de ciência e tecnologia”, que foi “depredado e desconstruído” nos últimos anos
A futura ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos (PCdoB), afirmou que o desenvolvimento de semicondutores tem uma “importância estratégica”
Luciana apontou que “vamos retomar, sim, a fábrica de semicondutores no país pela importância estratégica que isso tem para a nossa soberania nacional”.
No caso do Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (CEITEC), ela destacou a importância da estatal e do desenvolvimento de semicondutores diante da disputa global pela tecnologia, que é parte fundamental da fabricação de componentes eletrônicos.
Os Estados Unidos impuseram arbitrariamente sanções contra a China, enquanto o país oriental está realizando investimentos para o desenvolvimento da tecnologia com suas próprias empresas.
No Brasil, Jair Bolsonaro tentou extinguir e privatizar a estatal. Ele também convidou o bilionário dos EUA, Elon Musk, para abrir uma empresa de fabricação de chips em território nacional.
“A gente não pode ter um grau de dependência de vários insumos e produtos, entre eles de semicondutores”, continuou.
Com o avanço das tecnologias em diversos setores, como o automobilístico, os semicondutores passaram a ser mais demandados no mercado e seu preço subiu abruptamente, afetando os consumidores.
Luciana Santos foi anunciada como ministra da Ciência e Tecnologia nesta quinta-feira (22) pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Ela é a atual vice-governadora de Pernambuco e já foi secretária de Ciência e Tecnologia do Estado.
Foi também prefeita de Olinda, por dois mandatos, deputada estadual e deputada federal. Na Câmara dos Deputados, integrou a Comissão de Ciência e Tecnologia.
Sua indicação foi elogiada pela presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Bruna Brelaz, e pela ANPG, que se colocou “à disposição para o diálogo” e trabalho conjunto.
BOLSAS
Luciana Santos afirmou ainda que vai trabalhar para que as bolsas de pesquisa científica CNPq e Capes sejam reajustadas, após 9 anos de congelamento, e retomar o funcionamento da CEITEC, estatal que fabrica chips.
O objetivo de Luciana Santos, que é presidente nacional do PCdoB, será “restaurar a pujança do sistema nacional de ciência e tecnologia”, que foi “depredado e desconstruído” nos últimos anos.
Parte importante da pesquisa científica brasileira passa pelos pós-graduandos, cujo valor das bolsas CNPq e Capes está congelado desde 2013.
Segundo a Associação Nacional dos Pós-Graduandos (ANPG), essa categoria é responsável por 90% das pesquisas no Brasil. Mesmo assim, o valor de compra de suas bolsas foi corroído em cerca de 70%.
Luciana Santos colocou o reajuste como pauta prioritária, entendendo como uma questão que deve ser tratada “dentro do contexto global do orçamento”.
“Temos como referência o reajuste inflacionário do período todo, mas são decisões que vão ser colocadas dentro do contexto global do orçamento”, afirmou a futura ministra.
“Esse é um debate que a gente vai ter que fazer com todo o contexto dos recursos que vão estar disponíveis. A princípio, precisa fazer no mínimo o ajuste inflacionário”, continuou.
Mestrandos recebem R$ 1,5 mil e doutorandos, R$ 2,2 mil. Essas bolsas, no entanto, exigem que o estudante tenha dedicação exclusiva, ou seja, eles não podem ter outro emprego de carteira-assinada.
Luciana Santos defende a revogação da Medida Provisória de Jair Bolsonaro que desvia mais de 40% dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).
A medida impede que os recursos do Fundo sejam utilizados em sua integralidade até o ano de 2027. Para 2023, o bloqueio é de R$ 4,2 bilhões, representando 42% do total.