O último relatório de mercado do ano divulgado pelo Banco Central (BC), na segunda-feira (30/12), apresenta uma previsão de crescimento da economia de 1,17% para 2019. Abaixo do resultado do Produto Interno Bruto (PIB) de 2017 (1,3%) e de 2018 (1,3%), após a brutal recessão de 2015/2016, que teve início em meados de 2014.
A atual estimativa para o crescimento da economia está há grande distância percentual do que previa o BC antes dos primeiros 12 meses de governo Bolsonaro: em 4 de janeiro de 2019, a previsão para o crescimento do PIB era de 2,53% apoiado em um PIB industrial de +3,17%.
Ao invés disso, a prática desastrosa de Bolsonaro e Guedes fizeram de 2019 “um ano perdido”, conforme avaliam institutos de análises econômicas. A previsão atual é que o PIB industrial encerre 2019 no negativo e que o ano fique marcado pela explosão da atividade informal, já que recuperação do emprego não houve.
PIB – Produto Interno Bruto
A previsão de crescimento de 2,53% em 2019 datada do início do ano caiu para 1,17% no último boletim Focus do BC. No decorrer do ano, os representantes do mercado consultados para a elaboração do boletim chegaram a derrubar as previsões por 19 vezes consecutivas, chegando a uma previsão miserável de crescimento de 0,80%.
Produção Industrial
A expectativa de crescimento da produção industrial de 3,17% foi sendo sistematicamente corrigida até despencar para -0,73%. De acordo com o monitoramento da produção industrial realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o volume físico produzido em 2019 até outubro já acumula queda de -1,4%.
Balança Comercial
A previsão do boletim Focus, do BC, era de que o superávit comercial da balança brasileira fosse de R$ 52 bilhões em 2019. Agora, a estimativa caiu para R$ 44,5 bilhões.
Desemprego e informalidade
O ano foi marcado pelo crescimento de postos de trabalho de baixa qualidade, sintoma da crise que empurra os trabalhadores para atividades que não lhe garantem direitos, estabilidade ou salários dignos.
Somados trabalhadores por conta própria e sem carteira assinada, a população informal atingiu 38,8 milhões de pessoas no trimestre encerrado em novembro – o que supera o número total de trabalhadores com carteira assinada, de 33,4 milhões e é um recorde histórico. O número de pessoas que no mesmo período estavam desempregadas e procurando trabalho atingiu 11,9 milhões de pessoas.
Outro recorde do governo Bolsonaro foi o número de desalentados: 4,65 milhões de trabalhadores desistiram de procurar emprego.
Inflação
A inflação oficial do país atingiu em novembro de 2019 a maior alta desde 2015 em função do descontrole da exportação de carnes para a China, o dólar alto, o aumento do preço da energia elétrica e a política de preços internacionais do petróleo. No acumulado no ano, a alta no preço das carnes chega a 25,69%. O item habitação foi o segundo mais influente na inflação oficial impactado sobretudo pelo custo da energia elétrica. A gasolina teve em 2019 custo 8% mais alto, em média, do que o mesmo período do ano passado.
O BC prevê que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumule no ano alta de 4,04%.
Taxa de investimento
A taxa de investimentos, que mede a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) e sua relação com o PIB, atingiu durante o governo Bolsonaro o nível mais baixo dos últimos 50 anos. O volume de investimentos em relação ao PIB foi de 15,5% no primeiro trimestre de 2019 e no terceiro trimestre estacionou em 16,3% do PIB, a mesma taxa observada no mesmo período de 2018.
A FBCF mostra se a capacidade de produção está aumentando. São investimentos privados em máquinas, equipamentos, construção civil e pesquisa.
PRISCILA CASALE