O ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, pediu para Jair Bolsonaro se encontrar e “dar um abraço” no representante da Combat Armor no Brasil, empresa que vendeu veículos blindados para a PRF em negócio que está sendo investigado. Junot é investigado por fraude na licitação para compra desses veículos.
Em junho deste ano, o Ministério Público Federal (MPF) abriu um procedimento para apurar se houve fraude nos processos de licitação e se havia necessidade da compra de veículos blindados para a PRF.
Vasques tentou organizar o encontro entre Bolsonaro e Maurício Junot de Maria enquanto o ex-presidente estava nos Estados Unidos, em fevereiro de 2023, como mostram capturas de tela que foram obtidas pela CPMI do Golpe através da quebra de sigilo telemático do ex-diretor-geral.
O print mostra somente a mensagem de Vasques enviada para o contato “Pr Jair Bolsonaro Cel Novo 2023 Fevereiro”, mas não a resposta.
“Bom dia Presidente, parabéns pela palestra. O Senhor Maurício da Combat Armor Defense liga diariamente. Ele quer dar um abraço no Senhor. Sempre muito preocupado com sua segurança. Perguntou se possível recebê-lo por breves minutos no dia 03/02 em Miami, na data que ocorrerá o evento Power Of the people”, disse Silvinei Vasques.
A mensagem de Silvinei:
“Ele é um grande líder empresarial e Mórmon no Brasil e nos EUA. Obrigado e forte abraço ao Senhor!!!”, completou.
No dia 3 de fevereiro de 2023, Jair Bolsonaro realmente participou do evento The Power of The People, em Miami. Não há registros de que ele se encontrou com o empresário.
A empresa que era representada por Maurício, a Combat Armor Defense, vendeu por R$ 30 milhões, somente entre 2020 e 2021, blindados “caveirões” e “caveirinhas” para a PRF.
A compra é investigada pelo MPF, uma vez que esse tipo de veículo não é necessário nas missões constitucionais da PRF e cerca de ⅓ dos que foram adquiridos nunca saíram da garagem da corporação.
De 29 veículos blindados adquiridos, 9 estão parados.
O dono da empresa, Daniel Beck, é um apoiador de Donald Trump que participou da invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, uma flagrante tentativa de golpe.
Maurício Junot foi afastado pela Combat Armor Defense em agosto de 2023, devido à investigação que é conduzida pela PRF.
Silvinei Vasques, por sua vez, deixou o cargo de diretor-geral da PRF no dia 20 de dezembro de 2022, às vésperas de Bolsonaro sair do governo.
Em janeiro de 2023, ele foi contratado como vice-presidente da Combat Armor, segundo a revista Fórum.
Ele é investigado e foi preso por uma tentativa de impedir a vitória de Lula nas eleições, realizando blitze focadas na região Nordeste, onde o petista obteve maior vantagem sobre Bolsonaro no primeiro turno.