Desvinculação do salário mínimo e das aposentadorias da inflação vai provocar a maior perda da história. Eles já estão sem reajuste acima do índice há quatro anos. O plano vazou. Não podia vir a público antes das eleições. “Desmentido” de Guedes não convenceu
O ministro da Economia, Paulo Guedes, confirmou nesta quinta-feira (20) que o governo Bolsonaro pretende desvincular o reajuste do salário mínimo e de aposentadorias à inflação do ano anterior. Na nova regra, o piso “considera a expectativa de inflação e é corrigido, no mínimo, pela meta de inflação”.
Se isso ocorrer, a desvinculação do reajuste da inflação oficial, será o maior arrocho salarial e de aposentadorias de todos os tempos, já que a inflação está na casa do dos dígitos.
O salário mínimo no governo Bolsonaro já está há quatro anos sem nenhum reajuste acima da inflação. E note-se que inflação de alimentos é muito maior do que a inflação oficial. O trabalhador já vem perdendo poder aquisitivo. O que Bolsonaro quer é reduzir ainda mais.
A proposta do Ministério da Economia foi revelada pela Folha de S.Paulo na quarta-feira (19) e, segundo a reportagem, seria divulgada logo após a reeleição de Bolsonaro. Segundo trecho da reportagem, “o salário mínimo deixa de ser vinculado à inflação passada”.
Assim que a notícia veio a público, o comando da campanha de Bolsonaro ficou em polvorosa e mandou o ministro arranjar um desmentido. Não era para abrir o jogo sobre o arrocho antes do segundo turno. Guedes, então, disse que a proposta não estava “na mesa”. O que ele fez foi tirar da mesa e colocar na gaveta para não “atrapalhar”.
Não há surpresa com essa proposta. Depois de manter os servidores públicos sem reajuste real durante quatro anos, a proposta do ministro de Bolsonaro não é nova e é defendida desde o início do governo. “Esse tópico foi analisado no plano 3Ds [desvincular, desindexar e desobrigar]”, disse Guedes ao defender, em entrevista no Rio de Janeiro, o assalto a 75 milhões de trabalhadores e jogar no lixo uma das grandes conquistas garantidas na Constituição de 88, que afirma que nenhum benefício pode ser inferior ao salário mínimo.
Segundo Paulo Guedes, a mudança pode ser incluída no texto da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) para estender o pagamento do Auxílio Brasil no valor de R $600 que só vale até as eleições, ou dezembro deste ano. Ou seja, ele inclui um golpe nos salários na proposta de extensão do auxílio.