Michel Temer deve achar que pode desacatar impunemente o Supremo Tribunal Federal (STF) e ficar por isso mesmo. Ele insinuou que o ministro do STF, Luís Roberto Barroso, relator do inquérito que investiga o caso envolvendo a empresa Rodrimar, estaria mentindo sobre as informações sigilosas que foram vazadas e caíram nas mãos de sua defesa. Barroso garantiu que houve vazamento criminoso e determinou a investigação dos responsáveis por parte da Polícia Federal.
Na segunda-feira (5), o ministro Barroso determinou a quebra do sigilo bancário de 2013 a 2017 do presidente e dos demais investigados no inquérito que investiga o esquema de propinas envolvendo Michel Temer e a Rodrimar. A decisão de Barroso provocou uma histeria do Planalto. Ministros e demais auxiliares de Temer esbravejaram contra a decisão e, ao apresentarem uma petição ao STF, deixaram escapar que estavam tendo acesso criminoso a informações sigilosas. Indignado com o acesso da defesa de Temer nos dados sigilosos, Barroso determinou, na terça-feira (06), que a Polícia Federal investigue as circunstâncias de como a defesa do presidente teve acesso a informações referentes à decisão que quebrou o sigilo bancário de Temer, citando o fato de que a defesa de Temer, em petição apresentada ao STF, “revela conhecimento até mesmo dos números de autuação que teriam recebido procedimentos de investigação absolutamente sigilosos”.
Cinicamente a defesa de Temer disse que as informações não eram sigilosas e sim públicas. Disse também que elas foram obtidas no site do STF. Barroso rebateu imediatamente o que disse o Planalto e reforçou a decisão de colocar a PF para investigar os responsáveis pelos vazamentos. “Diante de novo vazamento, determino seja incluída na investigação – cuja abertura foi por mim determinada neste Inquérito, no despacho de 27.02.2018 –, a apuração das responsabilidades cabíveis”, completou o ministro do STF. “[A quebra do sigilo bancário de Temer] É um procedimento sigiloso. As palavras perderam o sentido no Brasil”, prosseguiu Barroso.
Com o cerco se fechando sobre suas falcatruas, Michel Temer tentou neutralizar a quebra de sigilo bancário, determinada pelo STF, anunciando demagogicamente que pretende disponibilizar seus extratos bancários. Só que ele não precisa fazer isso porque o Banco Central será obrigado, por força da decisão do ministro Barroso, a quebrar todo o seu sigilo bancário e não apenas dos extratos escolhidos pelo investigado.