O Ministério Público Federal (MPF) anunciou que vai apurar se Ricardo Vélez Rodriguez, ministro da Educação, cometeu improbidade administrativa ao enviar cartas para escolas pedindo que slogan da campanha de Jair Bolsonaro fosse lido para as crianças. A carta foi enviada através de e-mail para os diretores das escolas.
O procedimento do MPF visa apurar se o ministro feriu o princípio da impessoalidade no cargo quando pediu aos diretores de escolas que lessem uma mensagem que se encerrava com “Brasil acima de tudo. Deus acima de todos”, slogan utilizado durante toda a campanha de Bolsonaro. A carta também pedia que os alunos fossem filmados cantando o Hino Nacional. Os vídeos seriam enviados ao MEC, de acordo com a carta de Vélez.
A ideia de filmar os estudantes e jogar sobre eles a propaganda bolsonarista foi criticada não somente pelos opositores. A própria deputada estadual de São Paulo Janaína Paschoal, do PSL, partido de Bolsonaro, escreveu em seu Twitter que a carta enviada por Ricardo Vélez Rodriguez foi “surreal”.
“A escola é um lugar plural. Para um governo que defende tanto uma escola sem partido, parece que está querendo partidarizar”, disse Carlos Frederico Ghidini, coordenador-geral da Adires (Associação dos diretores da rede pública do Espírito Santo), que criticou a ação do MEC na época em que o caso veio à tona.
Já o diretor da Abepar (Associação Brasileira das Escolas Particulares), Arthur Fonseca Filho, afirmou que a carta de Vélez foi “inconveniente na forma e no conteúdo”. “O mais complicado é sugerir que as escolas filmem. É ilegal fazer isso sem autorização expressa dos pais”, afirmou Arthur Fonseca Filho.
A procuradora do caso, Eliana Pires Rocha, da Procuradoria da República do Distrito Federal (PR-DF), solicitou que o ministro preste esclarecimentos sobre o caso. A investigação ainda está em fase inicial.
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