
Centenas de pessoas prestaram homenagens ao jornalista Ricardo Boechat, durante o seu velório no Museu da Imagem e do Som (MIS), na zona sul da capital paulista. O jornalista faleceu na segunda após a queda do helicóptero em que ele estava na rodovia Anhanguera, em São Paulo.
A cerimônia foi aberta ao público e durou até às 14h, quando o corpo de Boechat foi retirado, sob fortes aplausos, para ser cremado numa cerimônia reservada para a família.
Veruska, mulher de Ricardo Boechat, chegou ao velório por volta das 6h10 da manhã desta terça-feira (12): “Meu marido que dizia que era ateu, era o que mais seguia o mandamento mais importante: o de amar ao próximo. Era um coração, uma pessoa sem luxo. Tudo o que conquistou era pensando em mim e nos filhos”.
Com quase 50 anos de carreira jornalística e uma coleção de prêmios no currículo, Boechat era atualmente apresentador do Jornal da Band e âncora da BandNews FM. “Era um grande jornalista e um amigo de infância. Era divertido, um humorista”, comentou o jornalista Augusto Nunes. Os dois foram contemporâneos no jornal O Estado de S. Paulo e conviveram diretamente. “Sempre foi muito generoso, ajudou tanta gente”, disse.
O diretor de jornalismo da Band, Fernando Mitre disse que soube da morte durante a reunião de pauta da emissora. Àquela altura, já se sabia sobre a queda do helicóptero no Rodoanel, mas a identidade das vítimas era desconhecida. Ele demorou a acreditar. “Conversava com ele todos os dias durante 12 anos. Era uma pessoa espetacular”, afirmou. “Perdemos o Boechat. Ontem estava conosco. Hoje não está mais.”
Além da forte presença de pessoas que eram próximas a Ricardo Boechat no seu velório, vários taxistas também foram homenagear o jornalista.
Alguns eram ouvintes do apresentador e outros chegaram a tê-lo como passageiro. Inclusive, um grupo levou um taxímetro e colocou no caixão de Boechat.
Cerca de 50 taxistas mineiros fizeram uma carreata e um buzinaço em frente à sede da TV Bandeirantes, em Belo Horizonte. Eles saíram enfileirados da região Oeste da capital mineira em direção à emissora, localizada na avenida Raja Gabaglia, no bairro São Bento, região Centro-Sul de BH. No local, eles bateram palmas e gritaram o nome do jornalista.
O acidente
Segundo testemunhas relataram ao Corpo de Bombeiros, a aeronave Bell Jet Ranger, um modelo de 1975, tentou fazer um pouso de emergência em uma alça de acesso do Rodoanel à rodovia Anhanguera, na altura do quilômetro 7, sentido Castelo Branco, próximo a um pedágio -local das vias com menos fluxo de veículos.
Na descida, no entanto, ela se chocou com um caminhão que tinha acabado de sair do pedágio, na faixa do Sem Parar (pedágio expresso). Não se sabe ainda qual o problema que a aeronave apresentou, mas foi a colisão que fez o helicóptero pegar fogo.
O motorista do caminhão foi socorrido e teve ferimentos leves, segundo a Polícia Militar. João Aldroaldo Tomackeves, prestou um depoimento à polícia e falou que o helicóptero não se chocou de frente com o caminhão, mas caiu sobre o veículo, como se fosse uma pedra.
“Não vi nada. Passei e aquilo caiu assim, do nada. Foi a mesma coisa que caísse uma pedra do céu em cima da cabine”, contou Tomackeves, motorista de caminhão há 31 anos, que nunca tinha passado por um acidente nas estradas brasileiras, mas que foi envolvido no acidente que matou Boechat.
“O helicóptero veio de cima para baixo, não veio de frente para mim. Não tinha nada na minha frente, a rodovia estava ‘limpa’. Aí do nada, aquele estrondo e sobe metade da cabine em minha frente”, disse o caminhoneiro.
De acordo com a Abraphe (Associação Brasileira de Pilotos de Helicóptero), o piloto tinha experiência de quase duas décadas como comandante e “seguiu à risca as doutrinas de segurança até o último momento, na tentativa de preservar a vida da tripulação a bordo do helicóptero”.