Os servidores públicos comemoraram o dia 28 de Outubro, Dia do Servidor Público, com protestos e manifestações em todo o país.
João Domingos Gomes, presidente da Confederação dos Servidores Públicos do Brasil (CSPB), fez um alerta para as ameaças em curso contra os serviços públicos e ressaltou a unidade e mobilização nacional para barrar os retrocessos defendidos pelo governo federal.
Veja abaixo o pronunciamento de João Domingos:
“O Brasil, os servidores, os serviços públicos, o estado, a Nação, passam por seu momento de maior degradação da nossa história. Degradação econômica, degradação política, degradação institucional, sanitária e até uma degradação humanitária.
Tudo isso fruto de um governo de facínoras, liderado por um presidente ensandecido, que não tem nenhuma empatia pelo ser humano, que despreza completamente as necessidades do povo pobre. Ao contrário, eles agudizam as dificuldades propositalmente como temos vistos nessa crise sanitária da Covid-19.
Temos tudo para dizer que esse 28 de Outubro é um dia apenas alusivo ao servidor público. Mas venho contraditoriamente, dizer que é sim também um dia comemorativo.
Estamos enxergando um farol no fim do túnel, exatamente em função desse momento que estamos vivendo. Nós construímos uma unidade de ação com todo o movimento sindical, nos conectamos com a sociedade civil organizada, levamos nossas lutas e anseios para a sociedade, para a população, para o cidadão.
Então essa luta heroica que estamos travando contra a PEC 32 simboliza muito mais. Simboliza a certeza que o Estado Democrático de Direito, tão caro para nós, renascerá em 2022. Fruto dessa batalha que conseguimos unir em torno de valores simples, como os valores humanos, como a obrigação do Estado prestar serviços públicos, coisas simples como não aceitar a privatização total dos serviços públicos de saúde, educação e segurança, de todos os serviços. Essa vitória vai acontecer e por isso vamos sim comemorar o dia de hoje”.
MANIFESTAÇÕES
No Dia dos Servidor Público, a categoria protestou contra a proposta de “reforma” administrativa (PEC 32) apresentada pelo governo Bolsonaro. O Dia do Servidor contou com manifestações em diversos estados em denúncia à destruição que a PEC causará aos serviços públicos, caso seja aprovada.
Prestes a ser votada no Congresso Nacional, a PEC 32 vai piorar a situação do serviço público, ameaçando os direitos trabalhistas como também os serviços públicos essenciais, denunciam as entidades.
Em Salvador, os manifestantes distribuíram mil kits de café da manhã e folhetos para a população em que apontam os impactos negativos da PEC 32.
Para Valdemir Medeiros, diretor financeiro do Sindicato dos Trabalhadores Federais em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social, a reforma administrativa trará um impacto negativo significativo para a sociedade. “Hoje temos unidades clínicas e escolas em áreas periféricas e cidades do interior e, com a PEC 32, haverá uma escassez desses serviços”, disse.
A deputada federal Alice Portugal (PCdoB-BA) lembrou o Dia do Servidor pelas suas redes sociais e disse que é um “dia nacional de luta contra a reforma administrativa que destrói os serviços públicos, um verdadeiro desastre para o país. Somos nós, servidores públicos que fazemos a ligação entre o Estado e a população”.
“Lutaremos por um país onde as pessoas tenham acesso aos serviços mais elementares para sua vida, continuaremos engajados, na luta por um Brasil livre e soberano. Viva os servidores e as servidoras na sua nobre função de servir ao país”, completou a parlamentar.
Luciana Liberato, representante do Fórum Baiano em Defesa do Serviço Público, combateu o discurso usado pelo governo de que o servidor um problema para a sociedade brasileira. “Criou-se uma falsa ideia de que o serviço público no Brasil tem excesso de funcionários. Estamos com bem menos efetivo que em países como Estados Unidos, Alemanha, Espanha e Portugal”, afirmou.
Professores da rede municipal pediram reajuste de salário. A categoria afirma que há seis anos os valores não são corrigidos. Além disso, os docentes disseram que faltam professores nas unidades, o que dificulta os trabalhos e prejudica os alunos.
Em São Paulo, o funcionalismo público municipal e federal somou forças em manifestação contra a destruição dos serviços públicos e contra a retirada de direitos dos trabalhadores. Os servidores municipais, que realizaram um ato na quarta-feira (27), além de se oporem à proposta da PEC 32, denunciam o projeto de “reforma” da previdência municipal, o chamado Sampaprev 2, que, entre outros pontos, pode confiscar 14% do salário dos aposentados, incluindo aqueles que ganham um salário-mínimo (R$ 1.100).
No Rio Grande Sul, movimentos e sindicatos realizam mobilizações no final da tarde, em frente à Prefeitura e também na porta do Palácio Piratini.
“A situação no Brasil é gravíssima, não só para os trabalhadores do setor, mas para a própria existência do serviço público, essa proteção social. Como o SUS, que se mostrou tão decisivo em um momento de pandemia, a Fiocruz, as pesquisas das universidades e institutos federais, que foram fundamentais nesse período de pandemia”, destaca a coordenadora geral do Sindicato dos Técnico-Administrativos da UFRGS, UFCSPA e IFRS (Assufrgs), Berna Menezes.