A empresa Edge Group, dos Emirados Árabes, negocia a compra da companhia brasileira Avibras, uma das maiores no setor de indústria de defesa no Brasil. A informação foi divulgada pelo jornalista Robson Bonin, responsável pela coluna Radar da revista Veja. Até o momento, nem a empresa e nem o Ministério da Defesa confirmaram as negociações.
A Avibras, que responde por 25% do mercado mundial dos seus produtos, que incluem mísseis, lançadores de foguetes, veículos blindados, bombas inteligentes, sistemas de comunicação por satélite e veículos aéreos não tripulados (Vant), está em recuperação judicial pela segunda vez.
Fundada há 60 anos por um grupo de engenheiros do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), a Avibras teve um dos sócios como primeiro funcionário: João Verdi Carvalho Leite, que passaria a ser conhecido como Engenheiro Verdi e que mais tarde se tornaria seu presidente. Verdi comandou a Avibras Aeroespacial até 2009, quando morreu em um acidente de helicóptero. Atualmente a empresa é presida pelo seu filho, João Brasil Carvalho Leite.
No ano passado, a empresa, com sede em Jacareí, região do Vale do Paraíba em São Paulo, alegou uma dívida de R$ 600 milhões, demitiu 420 trabalhadores e entrou em recuperação judicial. Por decisão da Justiça do Trabalho, a Avibras foi obrigada a readmitir os funcionários dispensados por um período de cinco meses, mas com os contratos suspensos. Antes das demissões, a empresa empregava cerca de 1,3 mil trabalhadores.
Na ocasião, a Avibras se comprometeu também a pagar de forma parcelada a partir de maio daquele ano dois meses de salários que estavam em atraso. Também ficou definido reajuste salarial pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) em setembro de 2022, além de renovação de todos os direitos por dois anos.
De acordo com a coluna, a intenção dos árabes, segundo fontes do governo (que não foram reveladas pelo jornalista), é obter os direitos de venda de lançamento múltiplo dos foguetes Astros e o Míssil Tático de Cruzeiro, ambos fabricados pela Avibras, assim como as suas tecnologias. O Grupo Edge também atua no setor de defesa e fabrica drones e mísseis.
Outro interessado na compra dos direitos de explorar o sistema de foguetes da Avibras seria a empresa alemã Rheinmetal, que atua na indústria de armamentos. “Acionistas estão em busca de parceiros estratégicos que possam capitalizar a empresa”, diz nota da Avibras.
A concretização da venda da Avibras representaria um grande ataque a soberania e aos interesses estratégicos do país. Somente na produção do Míssil AV-TM 300 o Exército brasileiro investiu R$ 100 milhões junto à empresa. Em fase final de testes, segundo o site LHB Top Militar, especialista no assunto, o AV – TM 300 se apresenta com um grande potencial de venda.
Tanto o sistema de foguetes Astros 2020 – como o míssil Tátil de Cruzeiro AV-TM 300 –possuem tecnologia oriunda da engenharia militar brasileira. Inclusive o sistema de foguetes tem alavancado as vendas internacionais da indústria aeroespacial do país e já foi testado e operado por cerca de nove países, com resultados positivos.
A Avibras é um importante fornecedor de armamentos para as Forças Armadas Brasileiras, sobretudo para o Exército, e também para os Fuzileiros Navais. No entanto, as compras governamentais têm sido insuficientes para manter as despesas da Avibras em dia. Estimam-se que atualmente mais de 80% da receita da fabricante de tecnologia de defesa seja das exportações, especialmente das vendas de foguetes que funcionam como munições para o Sistema Astros.
O governo de Jair Bolsonaro virou às costas para a fabricante brasileira, preferindo comprar da Europa. O Exército brasileiro anunciou a assinatura de um contrato de 900 milhões de euros (cerca de R$ 5 bilhões) para a compra de 98 veículos blindados do consórcio italiano Iveco-Melara durante a gestão Bolsonaro.
GOVERNO PODE SOLUCIONAR CRISE
“Este ano, já cobramos do presidente Lula soluções concretas para que os trabalhadores da Avibras recebam seus salários e tenham seus empregos preservados. Em greve desde setembro, os metalúrgicos da Avibras representam hoje aquilo que os metalúrgicos da Ericsson representaram em 1956: o poder da organização de classe”, afirma Weller Gonçalves, presidente Sindicatos dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região.
O sindicato propõe como solução para o enfrentamento da crise na Avibras, a estatização da Avibras. A campanha foi lançada durante a greve iniciada em 2022. “Uma empresa como a Avibras, que é estratégica para o país, não pode ficar nas mãos do capital privado”, defende a entidade.
Apesar da redução das compras estatais, um estudo do Ilaese (Instituto Latino-americano de Estudos Socioeconômicos) mostrou que a fabricante de tecnologias de defesa teve patrimônio líquido de mais de R$ 2 bilhões em 2021, o que representa 69% de seu patrimônio total e não justificaria o pedido de falência.
“No Brasil, quase metade das empresas em recuperação judicial têm patrimônio líquido negativo. A própria Avibras reconheceu que até este ano de 2023 haverá uma alta na comercialização de seus produtos, com possibilidade de contratações”, diz o SindmetalSJC.
Só o governo comprar armas da Avibras que ela ficará bem.
Pois é, mas a própria matéria diz o BR (gestão do Bolsonaro) comprou 5bi em produtos europeus.
E com isso ajudou a afundar a Avibrás.
Bolsonaro o maior patriota do país, comprou armamento do exterior. Patriota só do Bolso dele.
O governo nacionalista do Bozo investiu 5 bilhões em empregos europeus e ajudou a estagnar indústria de ponta aqui no Brasil. Parabéns aos envolvidos…