“A inflação tem prejudicado o poder de compra, sobretudo, das famílias de menor renda, cuja cesta de consumo é formada basicamente por bens, e o aumento recente das taxas de juros atinge em cheio os mercados de bens duráveis e alguns semiduráveis, cujos mercados dependem mais do crédito”, avalia o Iedi
O volume de vendas do comércio varejista no país variou 0,1% em maio, na comparação com abril. O resultado de praticamente zero mostra uma queda generalizada no consumo dos brasileiros, seja de alimentos, remédios, roupas ou eletrodomésticos, diante da carestia e da queda na renda. No acumulado no ano as vendas chegaram a 1,8% e no acumulado nos últimos 12 meses, a -0,4%.
Nem o Dia das Mães, uma das datas comemorativas de grande importância para o comércio, foi suficiente para dar ânimo ao setor que este ano tamvém vem apresentando resultados cada vez menores: janeiro (+2,3%), fevereiro (+1,4%), março (+1,4%) e abril (+0,8%). Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada nesta quarta-feira (13) pelo IBGE.
Com assinalou o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), em seu site, “O varejo, assim como a indústria, apresentou um resultado anêmico”, destacando que as vendas reais do comércio varejista ampliado, que inclui veículos, autopeças e material de construção, foram de mero +0,2%. No acumulado no ano foi 1,0% e o acumulado em 12 meses, 0,3%.
“Ou seja, à exceção dos serviços, que ainda passam por uma normalização de suas atividades e que são consumidos proporcionalmente mais por famílias de maior renda, a produção e comercialização de bens ficaram estagnadas em maio último. Isso porque a inflação tem prejudicado o poder de compra, sobretudo, das famílias de menor renda, cuja cesta de consumo é formada basicamente por bens, e o aumento recente das taxas de juros atinge em cheio os mercados de bens duráveis e alguns semiduráveis, cujos mercados dependem mais do crédito”, diz o Iedi.
“Sinais disso: praticamente todos os ramos do varejo de bens de consumo duráveis amargaram retração na passagem de abr/22 para mai/22 e embora as vendas de supermercados, alimentos, bebidas e fumo tenham crescido em mai/22 apenas compensaram o recuo do mês anterior, de modo que o segmento está estagnado nos últimos três meses”, ressalta o instituto.
Entre as oito atividades pesquisadas, seis tiveram variações positivas em maio, como Livros, jornais, revistas e papelaria (5,5%, em maio, após cair 5,2% em abril), Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (3,6%) e Tecidos, vestiário e calçados (3,5%) no lado positivo. Já Móveis e eletrodomésticos (-3,0%) e Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-2,2%) foram os destaques negativos.
De acordo com o IBGE, com a inflação, os indicadores de receita têm sido maiores do que os de volumes. Enquanto o volume de vendas do comércio variou 0,1% em maio, a receita teve crescimento de 0,4%.
“O setor de combustíveis e lubrificantes vem, há alguns meses, com indicadores de receita muito maiores do que os de volumes. De abril para maio, a receita do setor subiu 3,5% enquanto o volume cresceu 2,1%. Outras atividades como a de Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria a receita cresceu 5,0% e o volume 3,6%, devido aos reajustes de preços. Mas o maior exemplo é o setor de supermercados, que de abril para maio cresceu 1% no volume e 4,1% em receita, ou seja, quatro vezes mais, sinalizando sobretudo a inflação dos alimentos”, ressaltou Cristiano Santos, gerente da pesquisa.