As vendas do comércio varejista do país caíram -2,5% em março sobre fevereiro – o pior resultado para o mês desde 2003. O dado foi divulgado nesta quarta-feira (13) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e já computam parte do período de fechamento de serviços não essenciais e de quarentena necessárias para contenção da pandemia do coronavírus, iniciada na primeira quinzena de março.
Na comparação com março do ano passado, as perdas no volume de vendas do varejo foram da ordem de -1,2%.
O resultado também é reflexo da demanda mais baixa causada pela pandemia e pela morosidade do governo em conceder o auxilio emergencial aos trabalhadores informais e população de baixa renda.
Entretanto, o IBGE ressalta que o início das medidas restritivas e do período de confinamento não atingiu todo o mês de março e que a perspectiva é de um tombo ainda maior em abril. A outra parte da queda é atribuída a uma economia já enfraquecida, que em 2019 teve o crescimento mais baixo dos últimos três anos.
Segundo o IBGE, a queda não foi mais intensa por conta das vendas de hipermercados, supermercados e produtos alimentícios – que cresceram 14,6%, parte devido à corrida aos mercados para abastecimentos das geladeiras em meio à pandemia. Também cresceu o varejo de artigos farmacêuticos (+1,3%), os únicos entre 8 setores pesquisados.
Os maiores tombos vieram das vendas de tecidos, vestuário e calçados (-42,2%), livros, jornais, revistas e papelaria (-36,1%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-27,4%) e móveis e eletrodomésticos (-25,9%).
A pesquisa do IBGE mostra ainda que no comércio varejista ampliado, que inclui veículos e materiais de construção, o volume de vendas desabou 13,7% em março. Foi a queda mais intensa desde o início da série, iniciada em fevereiro de 2003. A queda se deve a um tombo de -36,4% no setor de veículos, motos, partes e peças, e de 17,1% na construção. Já a análise regional, deu conta de queda em 26 dos 27 estados pesquisados. Houve crescimento nas vendas apenas em São Paulo (0,7%). Os destaques negativos foram: Rondônia (-23,2%), Amazonas (-16,5%) e Acre (-15,7%).
Serviços e produção industrial
Na véspera da divulgação do resultado do comércio, o IBGE apresentou os dados do setor de serviços, registrando queda recorde de 6,9% em março. Assim, o setor de forte peso na formação do Produto Interno Bruto (PIB) do país, recuou 3% no primeiro trimestre do ano na comparação com o mesmo período do ano passado.
Já a produção industrial registrou queda de 9,1% em março sobre fevereiro, pior resultado desde 2002. Com o resultado, a indústria registrou queda de 2,6% no 1º trimestre, na comparação com os 3 últimos meses do ano passado.